Wellington Duarte

24/12/2022 07h25
 

 

O novo governo de Fátima e os desafios para o RN

 

Na última quarta-feira (21) a governadora reeleita, Fátima Bezerra, que teve mais de um milhão de votos (58,3%), cuja votação foi simplesmente maior do que a somatória de todos os outros candidatos, que foi de 41,7%, começou a modelar seu novo secretariado, sendo que a maioria segue no cargo. A única mudança de relevo político foi a de Virgínia Ferreira, que trocou a secretaria de Administração e dos Recursos Humanos, para a secretaria de Gestão e Projetos Especiais, Segov, que até 1999 era Secretaria de Governo, e que entre 1999 e 2003, tornou-se SEGOV, sendo incorporada à SEPLAN em 2003, que continuará sob o comando de Aldemir Freire.

Ainda não há elementos suficientes, pelo menos para mim, de entender a recriação da SEGOV, que é uma secretaria ligada diretamente a governadora e que, por suposto, a não ser que deve coordenar ou monitorar de perto, as ações mais diretas do governo estadual, no que se refere a, enfim, retomar os trilhos do desenvolvimento econômico e social desse Estado.

Se o primeiro mandato de Fátima foi de reconstrução do RN e teve, no meio do caminho, uma pandemia e um governo federal fascista, agora espera-se que a governadora possa imprimir uma marca desenvolvimentista à frágil estrutura produtiva do RN.

É preciso que os economistas progressistas se libertem definitivamente do eterno discurso das “potencialidades do RN” e, pior, pegar indicadores estatísticos e afirmar e reafirmar que nossa estrutura produtiva, por apresentar números maiores, em determinadas áreas, superiores ao Nordeste e até do Brasil, signifique que somos pujantes. Estamos longe, mas muito longe disso.

É tentador para asseverar o “espírito potiguar” seguirmos os discursos de políticos locais, boa parte deles medíocre, que vivem a enaltecer a estrutura da economia local, como se fossemos um espaço em que as forças produtivas se reproduzem de forma tal que estamos sempre em processo de avanços econômicos e sociais. Essa lorota é típica dos políticos canastrões, grande parte deles agraciado com o voto dos potiguares.

Obviamente que não podemos cair no discurso oposto, dos políticos patéticos desse estado, que tenta demonstrar que o RN de hoje é uma terra arrasada, devido a administração Fátima Bezerra. É um discurso sem-vergonha, que bem reflete o caráter dessas figuras anacrônicas, que costumam a enaltecer o passado e louvar figuras toscas que, infelizmente, moldaram e ainda moldam o quadro político local.

Mais do que manusear números, é fundamental para um leitor atento, ter a visão de totalidade da análise, ou seja, avaliar o que é o RN hoje, sem passar por sua formação, cuja tríade gado-açúcar-algodão foi quem moldou nossa estrutura e, por conseguinte, o quadro político que conduziu a organização da nossa estrutura de poder. O petróleo só chegou no RN na década de 80 do século XX e as mudanças mais contundentes na economia não conseguiram, por exemplo, tirar o peso da administração pública no PIB potiguar, que beira aos 30,0% e que, por conseguinte, é um elemento essencial para a sobrevivência de boa parte do comércio e prestação de serviços locais.

Esse segundo mandato de Fátima terá a responsabilidade de passa a fase da construção de um estado que modernize sua estrutura produtiva; que melhore a prestações de serviços públicos aos mais pobres; e que otimize, cada vez mais, a gestão pública, que beneficie as camadas mais pobres da sociedade.

É esperar para ver.

 

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR.

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