Wellington Duarte

28/11/2023 11h48

 

Pobreza: o fantasma que amedronta a classe média

 

Estava esse escriba parado em frente de uma dessas conveniências, hoje espalhadas pela cidade e palco em que as camadas médias exercem sua pequena gula, e fiquei observando por alguns minutos, como essa camada trata do problema crônico da pobreza. E foi o que pensei. A forma como as pessoas olhavam para um jovem que estava vendendo os tradicionais “panos de chão”, ia desde o simples ignorar, como se o jovem não existisse, passando por alguns resmungos sobre o fato de aquele jovem estar ali “atrapalhando a passagem”, ou o desdenho do tipo “esse deve ter votado em Lula”.

No RN há mais de um milhão e seiscentas mil pessoas na condição de pobreza. Isso representa mais da metade de toda a população potiguar. Mais de trezentas e quarenta mil pessoas estão na extrema pobreza. Isso tudo em 2022 e salientando que tais números representaram queda, tanto na pobreza (-6,9% em relação a 2021) quanto na extrema-pobreza (- 5,5%). Esses são dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Já os dados da PNAD Contínua, elaborado pelo IBGE revela que, em 2022, a taxa de pobreza ficou em 46,2% da população, o que dá, em termos absolutos, um milhão e quinhentas mil pessoas.

As pessoas que “invisibilizaram” o jovem, também devem ignorar a origem desse jovem e quando a violência explode, elas, com medo, exigem a punição. Não é à toa que a grande maioria da população defende a pena de morte. Para essas pessoas é melhor que o Estado “apague” esse jovem, caso ele deslize para o crime.

As pessoas que resmungaram são a expressão máxima de uma camada que, se lhe fosse possível manipular o tempo, certamente retornaríamos ao tempo da escravidão. Para essas pessoas o jovem pobre, de pele branca, era negro, porque a pobreza transforma os brancos em negros, como nos diz Caetano e Gilberto em sua épica canção “Haiti” (1993).

É essa camada média, chamada de “classe média”, que alimenta os que preservam a pobreza, justamente porque, mais bem informadas, continuam a ter uma visão da sociedade brasileira contaminada pela Casa Grande e Senzala.

Ela vê os pretos como “menos favorecidos”, mas é bom perguntar quem definiu esse favorecimento menor. Aliás, esses “mais favorecidos”, se sentem mal em falar “pobreza”, “miséria”. Para essas pessoas o pobre só é pobre porque, em boa medida, os governos “esquerdistas” os mantém ignorantes e se “acostumaram” a viver d dinheiro público.

O jovem que vende “panos de chão” é, nesse caso, uma pessoa que escolheu vender esses panos, sendo destratado e esquecido, ou pior, prefere “não trabalhar” para viver às custas do erário, ou seja, dele mesmo. Se ele “estudasse” teria melhores oportunidades.

Governos de esquerda geralmente se preocupam com as camadas mais pobres e miseráveis. Por uma questão social e também por uma questão econômica, já que se os miseráveis e pobres se tornarem “consumidores”, boa parte do problema da receita pública estará resolvida.

Governos de direita reconhecem a pobreza e a miséria, mas preferem retirar recursos públicos, transferi-los para a iniciativa privada, na esperança de que os empresários façam novos investimento, aquecendo a economia e dando empregos a todos e todas. Bobagem.

E enquanto a luta de classes irá colocando governos de direita no poder, mas distante ficaram a resolução do problema da pobreza.

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR.


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