Wellington Duarte

09/01/2024 09h06

 

Oito de Janeiro. Dia da Infâmia. Dia da vitória da democracia!

Ontem, 8 de janeiro, foi, para mim, o DIA DA INFÂMIA. Os fascistas bolsonaristas podem relinchar a vontade. Mas a história não é um delírio, e sim uma coletânea de fatos REAIS. E o que aconteceu há 365 dias, não foi uma “manifestação” com velhinhas, netinhos e gente de bem que, chateados com a derrota do seu fuhrer resolveram depredar as sedes dos três poderes da república. As vítimas, nessa realidade distópica são essas “pessoas de bem” que lutavam pela “liberdade”.

Só um demente não consegue enxergar o dedo de generais, empresários e setores da imprensa oligopolizada, por trás desses fatos. Não são inocentes. Pelo contrário. Houve um preparatório, se não orquestrado pelo ex-presidente, já que sua capacidade cognitiva não aponta para isso, mas por pessoas no seu entorno que trabalharam muito para que o desaguadouro fosse o caos, a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e um novo Golpe, diferente do de 2016, feito sob um véu de constitucionalidade (apenas véu!), faria com que Bolsonaro, o meliante que ocupou a presidência, retornasse e instalasse uma ditadura.

Parece brincadeira, exagero e loucura o que acabei de escrever, mas basta ver como os fascistas bolsonaristas continuam a enxergar a república. A derrota eleitoral e um ano de governo democrático, colocaram essa caterva num gueto, mas o eco dos seus urros, tem muita ressonância em vastos setores da sociedade civil. Essa gentalha não desistiu e nem vai desistir de tomar o poder.

Vemos muitos senadores, inclusive os da taba; muitos deputados federais, inclusive os da taba; deputados estaduais, inclusive os da taba; governadores, menos o da taba; prefeitos, muitos dos quais foram cooptados pela dinheirama da CODEVASF, inclusive os da taba; e vereadores, inclusive os da taba, que continuam, de forma descarada, a defender o DIA DA INFÂMIA.  Sem pruridos. São versões patéticas da nossa crise civilizatório.

Quem puxar pela memória perceberá que estivemos muito perto do caos total, e conheço muitas pessoas de classe média (sempre ela) que, ainda hoje, não acham que foi tentativa de golpe, mas sim uma arruaça. Uma arruaça que, portanto, deve ter punições amenas. As vivandeiras do século XXI, mais do que se prestar a ser palhaço de portal de quartel, tinham a intenção, bem óbvia, de ajudar a tomar o poder pela força.

A CPI do Golpe, puxada pela horda fascista bolsonarista pretendia inverter a história, criar uma narrativa grotesca, em que o culpado da tentativa do Golpe, foi o governo. Dá para acreditar? Claro que dá! Senadores, inclusive um do RN, foram atores dessa comédia patética e tentaram tornar os golpistas, vítimas.

Aos poucos os financiadores dessa tentativa de Golpe vão sendo descobertos e deverão ser punidos. Numa democracia capenga como a nossa, não imaginemos que todos serão punidos. Mas podemos, e devemos, estar cientes de que, no Brasil, o fascismo veio para ficar e para tentar, sempre, tomar o poder. Sem milho (dinheiro), as galinhas fascistas não teriam sequer acampado nas portas dos quartéis e nem acampado numa área militar.  Quem forneceu o milho, alimentou essa turba.

E não faltou gente. Inclusive os fardados. Sim, os fardados estavam babando para voltar o poder, afinal empestearam os ministérios com seus cupinchas, gente que demonstrou baixa capacidade de gestão e que tornou caótico a burocracia federal. Esses fardados, não todos, ainda vivem numa realidade paralela, em que malvados comunistas estão à espreita. E muitos comandantes do Exército tem a digital desse movimento.

Ontem, tivemos uma solenidade. O líder do governo na Câmara, o presidente da Câmara, 30 senadores, vários governadores (destaque para os de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina) não comparecerão. Precisa dizer mais alguma coisa?

A democracia venceu, mas ainda não levou. 

 


*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).