Renato Moraes

30/03/2022 11h25

 

Conte aí, caro leitor, quantas falsas mensagens você recebeu nos últimos dias? Imagine na próxima sexta, 1º de abril??? Em tempos de fake news, parece que todo dia é dia da mentira. Mas houve um tempo em que a mentira tinha outras cores.

Há exatos 120 anos, o respeitadíssimo jornal A República anunciava que iria expor em praça pública a cabeça do Antonio Conselheiro, conta Câmara Cascudo. A notícia atraiu muitos curiosos, mas, claro, era mentira de primeiro de abril. Antonio Conselheiro morrera um ano antes, em Canudos. Estavam aí, já, alguns ingredientes do que hoje se denomina fake news.

Mas há mentiras mais inocentes, relacionadas ao imaginário popular, ao humor, à cultura. Aqui no Rio Grande do Norte, encontramos nos relatos do folclorista Gutemberg Costa algumas histórias de grandes mentirosos. Em Pendências, no oeste potiguar, conta-se a história do pescador que teria perdido o relógio em uma pescaria. Dez anos depois, em outra pescaria, voltou para casa cheio de peixes. Quando foi tratar um deles, o maior, claro, encontrou o relógio funcionando perfeitamente.

Em Extremoz, na região metropolitana de Natal, seu Chico do Ouro, também pescador, garantia que a pescaria era dentro de casa, deitado na cama, com o anzol dentro da lagoa e a ponta da linha amarrada no dedão do pé. Um dia, teria sido arrastado da cama, passando pela porta da cozinha, depois de derrubar duas cercas do quintal. Só não morreu afogado porque conseguiu desamarrar a tempo a linha do pé. O peixe, jurava, era uma baleia…

Alguns pesquisadores, como a britânica Claire Wardle, incluem as “notícias” jocosas no rol das fake news. Mas melhor essas duas últimas até certo ponto inocentes histórias que aquelas que tentam mexer no tabuleiro da opinião pública alterando dados, negando avanços científicos e tecnológicos consolidados, destruindo reputações, ofendendo pessoas e instituições.

Segundo estudiosos da temática, a exemplo de Pollyana Ferrari, a “falta de tempo” para verificação das informações, entre outros aspectos, deu margem para o crescente fenômeno da desinformação. É nesse ambiente que surge a chamada pós-verdade, baseada na banalização da verdade, em que dados concretos são ignorados em nome do crescente objetivo de influenciar na formação da opinião junto ao público. E isto fala mais alto que a veracidade dos fatos, criando uma confusão sobre a realidade.

Vida que segue. Real mesmo é o abraço da semana, que vai para Extremoz, Governador Dix-Sept Rosado, Pureza e Tibau do Sul, que em abril conheceram, de verdade, a emancipação política.

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