Tiago Rebolo

28/04/2015 01h43
A popularização do acesso à internet e a subsequente procriação de mídias sociais na rede mundial de computadores acarretaram, é fato, uma nova dinâmica na forma de comunicação humana.
 
Hoje, por haver a capacidade de estarmos conectados a todo o momento, podemos ficar em sintonia com o que acontece ali ou do outro lado do Planeta em frações de segundos. E mais: a internet nos deu subsídios para também produzirmos conteúdo, além da facilidade de podermos dar pitaco no que é publicado por outrém.
 
É neste ponto onde quero chegar. Muitos internautas, munidos da “coragem” que o falso anonimato da rede os dá, desobedecem qualquer regra de civilidade e bom senso e saem atirando para onde é conveniente.
 
Dessa maneira, é corriqueiro observarmos comentários ofensivos e desrespeitosos na rede, postados sem qualquer medo de punição ou repreensão. Aí vale de tudo: apologia ao crime, injúrias, difamações, xingamentos, entre outras barbaridades que nem vale a pena serem citadas.
 
Gostaria de chamar atenção para o termo “falso anonimato”, citado no penúltimo parágrafo. É alimentada uma noção errada de que somos invisíveis na internet, de que somos apenas mais uma célula no grande corpo que é a rede. Mas não! Todo conteúdo que circula na internet é criado/compartilhado por pessoas. Não existe um universo paralelo transcorrendo por lá, ao contrário do que muitos possam imaginar ou tentar praticar.
 
É por causa dessa falsa crença que se abre o espaço para a revelação de facetas “virtuais” que não estão presentes no cotidiano das relações interpessoais físicas (digamos assim).
 
Por exemplo: é aquele seu amigo que bate no peito ao protestar contra a violência no corredor do colégio, mas que comenta na internet que “acha é pouco” quando um criminoso é morto pela polícia. É aquela sua vizinha que acha um absurdo a violência contra a mulher, mas que afirma que no Facebook que a morte da dançarina de funk Amanda Bueno representa “uma vadia a menos” no mundo.
 
Especificamente sobre este caso, me surpreende a enxurrada de comentários agressivos e odiosos publicados na internet nas notícias sobre a morte de Amanda, brutalmente assassinada pelo noivo no Rio de Janeiro há duas semanas. A Polícia investiga, mas trabalha com a forte suspeita de que o crime tenha sido motivado por ciúmes. Na internet, lamentos se misturam com opiniões que enojam. “Que sirva de exemplo às mulheres”, publicou um homem, cravando sua concordância com a brutalidade feita com Amanda.
 
Duvido que este homem tenha a mesma coragem de falar isso em público, mas fora do ambiente da internet – como se inexistissem regras ou as pessoas não precisassem ser gente ao vociferar ódio nas linhas publicadas no “Face”.

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