Tiago Rebolo

10/03/2015 09h06
O velho ditado diz que, em boca fechada, não entra mosca. Pois bem. O colunista Reinaldo Azevedo bem que podia ter ficado calado, mas foi bater sua panela criticar o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff (PT) – veiculado ontem em rede nacional de TV e rádio.
 
Na sua fala, Reinaldo considera que o momento não era o apropriado para Dilma defender o ajuste que o governo vem adotando para controlar as finanças. Segundo ele, Dilma poderia ter aproveitado a inserção em cadeia nacional apenas para homenagear as mulheres pelo Dia Internacional ou, que fosse, para “anunciar a tal da Lei do Feminicídio”.
 
Já afirmei em outras oportunidades que o preconceito se escancara na linguagem – a assertiva acima está para confirmar a ideia. Ao se referir à Lei 8.305/2014 como a “tal” Lei do Feminicídio, Reinaldo minimiza a importância do instrumento legal sancionado nesta segunda (9) por Dilma.
 
Ao menosprezar o significado da aprovação desta lei, o prezado articulista da direita política reitera – talvez até sem perceber – o preconceito secular contra a luta feminista.
 
Pela nova legislação, entre outras particularidades do texto, o assassinato de mulheres por razões de gênero passa a ser classificado como “homicídio qualificado” e agora é um “crime hediondo”. As razões de gênero se configuram quando o crime envolver violência doméstica e familiar ou depreciação da condição da mulher. As penas podem variar de 12 a 30 anos de prisão.
 
Num país onde morre uma mulher pela “tal” violência masculina a cada 90 minutos, isso não é pouca coisa.

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