Emanuela Sousa

E se for preciso chorar…chore

Sejamos honestos. Não está fácil pra ninguém. Andamos desanimados com a vida, cheio de vazios, esperando por algo que leve embora nossa desesperança, ou pelo menos algo que nos ajude a recuperar o fôlego.

E não é novidade que ando perdendo o ânimo. Os últimos meses foram doloridos, difíceis de engolir, ou melhor, de enfrentar.

Rupturas, desgastes, perrengues que vieram desafiar a saúde mental. Não tive outra escolha: apelei à fé. Como milhares de pessoas fazem, quando estão sob pressão,  sem ver a luz no fim do túnel.

Senti a necessidade de cair em lágrimas mas, não deu tempo de chorar no trabalho, metrô...Na rua. Então entrei na Igreja, fiz minhas orações em silêncio, no meio de um tímido soluço. Minutos depois, um senhor simpático sentou do meu lado, e passou a puxar conversa. Perguntou meu nome, disse que participava de um grupo de orações. Talvez tivesse notado que eu não frequentava ali. Disse meia dúzia de palavras, do qual não me recordo agora, mas algo ele me disse que ficou gravado na minha mente: "Se precisar chorar... Chore!".

Me deu um tapinha nas costas e saiu pelo corredor.

Sai da Igreja com os olhos molhados, olhando no relógio: faltava meia hora para começar a sessão de terapia.

Cheguei no consultório, falei meia dúzia de coisas que incomodam, ao terapeuta. Da minhas inseguranças, incertezas sobre o futuro. Paro por alguns minutos... Ele apenas disse em meio ao ruído do silêncio: "se você quiser chorar, fique à vontade".

Pode parecer que foi combinado, duas frases quase idênticas serem ditas a mim no mesmo dia, no pequeno espaço de tempo.

Mas não foi, talvez fosse o destino, talvez uma coincidência que viesse como um sinal de que não podemos reprimir nossas emoções. Que mesmo em meio às nossas correrias ainda lembramos de tirar alguns minutos para liberar nossas fragilidades… soltar o choro. Seja em casa, na rua, na Igreja, onde for. Seja sozinho, no ombro de um amigo.

Necessário resguardar a criança interior que por dentro chora, enquanto enfrentamos o mundo.