Emanuela Sousa

07/08/2022 00h00

 

A louca problematização dos afetos do mundo atual

 

"A gente não escolhe amar uma pessoa. A gente simplesmente a ama. Não escolhemos amar alguém só porque ela escuta Caetano, porque ela vai em peças de teatro, ou por causa do bom perfume que usa, a gente ama por uma conjunção de coisas que enxergamos que ela possui".

 

Começo essa coluna com essa reflexão, pois essa semana estava refletindo sobre o amor. O que é amor, o que já não é. Quando tudo já se torna insuportável e esgota o sentimento e você já não quer mais dormir na mesma cama, ou quando você sente que ainda há paciência pelas mancadas que ela te dá, porque você já aceitou que ela é assim, e não vai mudar.

 

Até que ponto vai o amor? Em que estado é chegado o amor até que se transforma em dependência emocional?

 

Hoje em dia fala-se muito em dependência emocional. Aprendemos muito sobre quando vamos à terapia e sobre ficar atento aos sinais vermelhos que existem em uma relação. O que é extremamente importante falar e aprender.

 

Porém, toda via sinais vermelhos existem em todo tipo de relação. Somos seres humanos, verdadeiras máquinas de desastres, e nunca sabemos qual defeito nosso irá afetar o outro.

 

O que me deixa intrigada é esse exagero nas mídias, incluindo internet, em relação aos relacionamentos de hoje em dia. Será que tudo mesmo é abusivo e excessivo? Será que tudo é questão mesmo Love bombing ? (termo criado onde a tentativa é influenciar uma pessoa por demonstrações de afeto).

 

Perdoe a minha expressão, mas … Tolice!!! 

Às vezes a pessoa quer mesmo é tentar demonstrar o que ela sente de forma exagerada e não sabe como.

 

Essas problematizações de afeto que o mundo contemporâneo tem trazido uma série de dores de cabeça e perturbações. Nos colocando  muros em volta, e exaltando o medo e a desconfiança.

 

Onde será que essa problematização dos afetos vai parar, quando tudo que a gente mais precisa no mundo é disso?

 

Um pouquinho de dor, um pouquinho de risadas não faz mal. Faz parte das relações saudáveis. Afeto demasiado não deveria ser um problema, uma vez que deveria ser regra em todo relacionamento.

 

Quando algo nos faz bem a gente aceita. ( o óbvio precisa ser dito).

 

O que não é saudável é quando há mais lágrimas do que risos, quando há pouco afeto e muita discordância entre duas pessoas. Aí é caso urgente de nos vestirmos de amor-próprio e se retirar.

 

Ainda é válido para os tempos atuais a reflexão de Freud: "em última análise precisamos amar para não adoecer".

 

 

 


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