Daniel Costa

19/08/2022 14h39

 

A CARTADA DAS INSTITUIÇÕES
 
Não  é novidade dizer que a democracia  está  em risco no Brasil. As diversas falas de Bolsonaro nunca deram margem a dúvidas. Essa sempre foi a sua intenção, desde quando se lançou  como candidato ao cargo de presidente da república. Mas agora não  se trata mais de fazer essa afirmação  com olhos e  ouvidos voltados para os discursos e as ações do capitão-mor.
 
A maneira como se desenrolou  a cerimônia de posse do ministro  Alexandre de  Moraes, para ocupar o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral, veio demonstrar que a tentativa  de golpe  é algo  em andamento.
 
Em tempos  normais, a posse do presidente do TSE acontece em brancas nuvens, sem maiores  solenidades. Sem a presença  maciça  de governadores de estado, ex-presidentes da República, chefes do legislativo, cúpula do judiciário  e mais de 50 embaixadores.
 
Mas como os tempos andam estranhos,  eles  se fizeram presentes. Todos  prontos (ou quase todos) para ouvir o  discurso do ministro Alexandre de Moraes em defesa das urnas  e da democracia.
 
Não há dúvida  de que, na condição  de  ministro do supremo, Alexandre de Moraes tem informações  de bastidores e sabe bem como as maquinações  golpistas estão  a se desenvolver, saindo  do mundo dos preparativos  para alcançar o mundo da concretização.
 
Também  não  se discute que a posse do presidente  do TSE, nos moldes em que  se deu, foi como um machado descendo na cabeça do chefe do executivo federal. Uma estocada direta de um dos representantes máximos do Judiciário  contra a figura  principal do Poder Executivo, com a clara intenção de demonstrar que não haverá apoio a uma aventura golpista.
 
Só  resta agora saber se Bolsonaro entendeu o recado e vai acolhê-lo, ou se, diante da iminente derrota para Lula,  em conjunto com o grupo de empresários apoiadores de ações antidemocráticas,  preferirá agir como um insano jogador de poker, pagando pra ver o tamanho do valor dessa cartada das instituições.

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