Andrea Nogueira

30/12/2021 10h29

 

Eu tenho peito

Peito, peitinho, peitão. Seja como for, esta parte do corpo feminino é objeto de grande valorização pessoal, é fruto de instigação sensual e é parte de um investimento social em vários aspectos, como o mercadológico, o sexual, o medicinal, o estético, dentre outros.

Os chamados peitos, seios, mamas, ou tetas já foram mostrados publicamente com muita naturalidade na Grécia, seis séculos antes de Cristo. Naquela época, as mulheres gregas usavam vestes longas, que ameaçavam cobrir os pés. Mas essas vestes se amarravam abaixo dos peitos, que ficavam ao ar livre, num modismo bem peculiar.

Trazendo para os tempos hodiernos, temos uma curiosidade na África do Sul: em certas tribos do Sudão nem maridos, nem médicos podem tocar os seios de uma mulher, sob pena de pena de morte.

Os peitos são sagrados ou ofensivos, considerados bonitos quando pequenos ou quando grandes, tudo depende da localização da mulher no mapa mundial. Mas uma coisa é certa em qualquer lugar: esses peitos são da pessoa que os tem.

A consciência sobre a apropriação do seu corpo pelas mulheres vem sendo trabalhada ao longo dos anos. Hoje em dia, já é possível encontrar mais mulheres autoconfiantes sobre o direito de reger seu corpo e suas partes dentro dos limites da legislação local. Mas nem sempre foi assim. Durante centenas de anos, os peitos femininos estavam nas mulheres, mas não eram exatamente custodiados por elas. Tínhamos ali a chamada posse sem a propriedade de fato.

As campanhas públicas de conscientização sobre a importância do combate ao câncer de mama vieram colaborar com o processo libertador das amarras invisíveis de milhares de mulheres com relação às suas mamas. Chamar a atenção para esta parte do corpo serviu, gradativamente, para que a própria mulher desenvolvesse maior credibilidade e autoconfiança quanto ao que é seu.

A autoconfiança feminina trouxe para incontáveis mulheres o tratamento precoce do câncer de mama. Mas não só isso. A autoconfiança trabalhada ao longo dos anos também trouxe para as mulheres o alívio de poder viver com ou sem os seios após a descoberta de um câncer. Essa sensação de pertencimento que vai além de uma parte do corpo, se ampliou para o corpo inteiro, fazendo do universo feminino um lugar de maravilhas ao seu modo.

Saber que, finalmente, milhares de mulheres decidem sobre o seu corpo sem necessitar de autorização externa é poder acordar num mundo mais confortável.

Ser Mulher de Peito, portanto, vai além do que nos ensinaram nos livros de princesas. Sejamos todas!

 

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