Alfredo Neves

10/03/2020 00h08
 
 
JOÃO ANDRADE, UM POETA QUE POETIZA AS ARTES VISUAIS
 
 
A poesia não basta para João Andrade. Detalhar sobre esse seu poetar é muito prazeroso. O objetivo, no entanto, não é escrever sobre as suas poesias, apesar de saber que elas também estão em suas telas, telas essas que ao observá-las entramos numa floresta verde de infinitas vidas multicores. 
 
O artista plástico e poeta nasceu em Natal no ano de 1962, é formado em Letras e Filosofia. É pós-graduado em linguística e mestre do ensino, professando as suas ideias na Escola Estadual Professor Luiz Antônio e Escola Estadual Stella Wanderley.
 
A sua multifacetada militância vai além das poesias e das artes que conhecemos, e apesar de querermos isolar o poeta do artista plástico, fica difícil, pois homem e poeta se fundem numa ideia só, como descreveu Barnett Newman (1905-1970) : “Qual é a explicação do ímpeto aparentemente insano do homem para ser pintor e poeta senão um ato de desafio à queda do homem e uma asserção de que ele voltará ao Adão do Jardim do Éden? Pois os artistas são os primeiros homens.” É isto, os primeiros homens desenharam o destino da humanidade numa tentativa insana de subverterem o belo-certinho para chegarmos aonde chegamos. Foram os primeiros, lá no paraíso terreal, os primeiros a propalarem o livre arbítrio no planeta terra. 
 
Ao olharmos para as telas visuais e geométricas de João Andrade nos deparamos com modernidade, com contemporaneidade, com subversão da ordem existente e com tudo aquilo que apregoamos no que se refere a uma arte comprometida com estilos certinhos. Alguns, que preconceituosamente não conseguem admirar as suas próprias artes, atribuem a artistas como João Andrade, como artista da arte degenerada. Ledo e desequilibrado engano. A Arte de João Andrade é o que se tem de mais sublime no mundo das técnicas e dos estilos artísticos do nosso tempo.
 
João Andrade não só faz arte como também se funde na sua própria arte. Para ele, assim como para Adolph Gottlieb (1903-1974), os seus símbolos favoritos são aqueles que ele não compreende, mas nos oferece um mundo de cores jamais imaginadas pelos nossos olhos. Além de ter o seu estilo próprio, o seu verde esmeralda e o azul da prussia perdidos em meio a beija flores e borboletas suburbanas, os seus pinceis dicotômicos e encorajadores nos adormecem visualmente para aportarmos calmamente numa terra de telas metafísicas e pictóricas.
 
Desfecho estas três ideias para simplesmente mostrar aos leitores deste conceituado veículo que o RN tem artistas fantásticos que precisam cada dia mais serem vistos como formadores de coisas tão esplendorosas que só são possíveis se admiradas em todos os meios artísticos para a nossa crítica e admiração.
 

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