Alfredo Neves

03/03/2020 00h06
 
CLÁUDIO DAMASCENO, UM ARTISTA LÁ DAS SALINAS
 
 
No Rio Grande do Norte, não só na capital do estado, mas também em cidades do interior temos artistas geniais. Para me isentar de qualquer injustiça, deixarei para um outro momento realizar uma pesquisa com nomes desses em cada recanto possível, divulgando de tal maneira os nossos agraciados pintores. 
 
De forma rápida, por exemplo, sei que não estarei cometendo nenhum esquecimento dos demais, só para termos uma ideia dos geniais que por aqui plantaram árvores e dessas surgiram vários ramos e troncos influenciadores, evoco, portanto, três proeminentes reconhecidos, porque eles são necessários para que possamos lembrar dos que estão no panteão dos grandes artistas plásticos, antes de iniciar a narrativa sobre Cláudio Damasceno. Cito então, o provinciano Newton Navarro (1928-1992), excelente pintor que era e retratava a vida interiorana através dos seus toques maravilhosos, tanto nos pincéis como na poesia e na dramaturgia. Destaco ainda o espetacular Dorian Grey Caldas (1930-2017), os seus gigantescos murais, as tapeçarias multicores, as cerâmicas belíssimas, as esculturas, os seus ensaios e as poesias líricas que nos encantaram. Não poderia ao mesmo modo esquecer de Iaperi Araújo (1946 -), lá da terra de São Vicente-RN. Regionalista, escritor de fino trato, crítico de arte, poeta, contista e artista plástico que sintetiza através das suas telas as nossas tradições. Perceba, em poucas linhas descrevi sobre alguns reconhecidos e mais divulgados artistas que atuaram e, este último, ainda atuando em Natal, só para termos uma noção do reconhecimento que estes tiveram em vida e outros que poderiam ter a mesma oportunidade. É assim que passo agora a falar um pouco sobre Cláudio Damasceno. Mesmo sabendo da sua genialidade e dos vários reconhecimentos, é preciso popularizá-lo, fazer com que mais e mais o RN, o Brasil e o mundo saibam da sua importância para a arte visual e contemporânea.
 
Cláudio Damasceno nasceu na cidade de Macau no ano de 1964. Filho de João Batista Damasceno e Maria da Conceição Soares Damasceno. Desde muito cedo Cláudio iniciou a sua vida artística com foco nas artes plásticas, gravura e desenho. Como o próprio artista se descreve, boa parte do seu tempo é dedicado à educação, exercendo-a como professor do Instituto Federal do Ceará, no Campus de Iguatu, lá na terra de Humberto Teixeira autor de Asa Branca. Além disso, ocupa outra parte da importante hora proferindo aulas de Artes para o ensino médio, História e Cultura Afro-brasileira para o curso superior de geografia e é também professor de Marketing Político no curso de pós-graduação em Micro, Pequenas e Médias Empresas do IFCE.
 
Cláudio é um artista visual, abstrato e não-figurativista. As suas artes são alentos para os olhos de conhecedores e especialistas nesse seguimento artístico. Escreve Vicente Vitoriano: “...venho acompanhando sua trajetória como artista visual, que inclui seu trabalho como designer gráfico, sua investidura com mosaicos e as colagens feitas com recortes de embalagens de confecções....”  Outro conhecido artista plástico do RN, Jota Medeiros, escreve: “...Sem mistificações Cláudio Damasceno opera um passado também concreto, entre telúrico e o espaço industrial; o porto e a metrópoles; o velho e o novo. Velho redivivo.” 
 
Recentemente o trabalho do artista foi reconhecido pela Editora Brasil – SP, que em 2018 convidou Cláudio Damasceno a interagir o conjunto iconográfico do livro didático “Aprendendo Matemática”, que será impresso em 2020 e será distribuído nas escolas de todo país. 
 
Pelo próprio espaço onde está inserido este artigo, não bastariam estas poucas linhas, já que Cláudio Damasceno tem uma lista imensa de feitos artísticos. O propósito é, certamente, divulgar e fazer valer em meios afins do nosso estado este artista visual, deveras importante e detentor de um estilo único e arraigado que teimam em deixá-lo escondido. Sabemos da sua luz no meio dos que o conhecem, mas é preciso popularizá-lo sem vulgarizá-lo, tornando-o tão conhecido como muitos dos nossos mestres das artes e de todos os meios culturais do nosso estado. 
 
Ademais, Cláudio Damasceno emana um brilho imenso, assim como o sal que a cidade onde ele nasceu produz. Macau, como muitos conhecem, é um reduto de grandes mestres e inspiração permanente no meio artístico, como as belas musicas da Bossa Nova de Hianto de Almeida, da poesia de Gilberto Avelino, e dos belos romances de José Mauro de Vasconcelos e Aurélio Pinheiro, todos inspirados na terra das salinas. Viva, então, o grande Cláudio Damasceno.

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