Daniel Costa

02/09/2019 10h22
 
NOVO GOLPE?
 
 
Para o bem ou para o mal o governo federal está nas cordas. Assim como aconteceu no início da gestão de Dilma Roussef, o atual presidente Jair Bolsonaro, em muito pouco tempo de comando, parece estar a perder o leme do navio presidencial. Não é difícil perceber que a sua incompetência gerencial e política fez nascer um movimento que visa o chamado golpe branco.
 
No segundo mandato de Dilma, a articulação para torcer a administração partiu do PSDB, representado pela figura de Aécio Neves, que logo após a derrota nas urnas achou de botar o bloco na rua alimentando o discurso de fim de governo, em um país que já se encontrava dividido. Esse fato, quando atrelado à briga para a eleição do presidente da Câmara e a opção da presidenta por um ministro adepto do neoliberalismo, incapaz de reorientar o prumo do PIB, fizeram ferver o caldeirão do impeachment.
 
Bolsonaro enfrenta cenário parecido. O país permanece dividido. O turbilhão de problemas que ele foi capaz de criar em pouco mais de 6 meses de gestão é surreal. A bancarrota econômica continua sem solução. E o atrito com o presidente da França, que teve o condão de prejudicar as relações comerciais brasileiras, foi apenas a última fenda no costado da fragata.
 
Tal como sucedeu com a chefe petista, o movimento para apeá-lo do poder parece navegar em mar aberto. Mas não guiado pela oposição à esquerda do espectro político, que se encontra desorientada, atirando para todos os lados tal como um cowboy atingido no braço que não consegue divisar o alvo. Bolsonaro vê os golpistas nascerem de uma ala militar dissidente, que foi escorraçada do seu governo (ou que permanece fazendo mera figuração); de um grupo de parlamentares liderados pelo presidente da Câmara; e de parte do empresariado ligado ao setor industrial.
 
 A grande imprensa tomou lado. Globo, Folha de São Paulo e Veja atacam o atual governante assim como fizeram com Dilma Roussef. Nesse caso, as críticas são ampliadas e as vitórias minimizadas. Os seus eleitores, ao mesmo tempo, parecem não ir às ruas com a mesma energia e na mesma quantidade. E alguns correligionários pulam do barco, como os primeiros ratos a fugirem do navio, em prelúdio do naufrágio.
 
O presidente enxerga inimigos por todos os lados. O cenário leva a crer que o fogo da destituição está a arder as suas pernas, restando saber como reagirá um mandachuva que tem muito poder nas mãos e o torturador Brilhante Ustra como herói. 

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