Daniel Costa

28/11/2016 10h10
Quem nunca ouviu falar na operação Brother Sam, movimento da marinha nor-te-americana que escancarou o apoio e a participação dos EUA no golpe de 64?  Os ianques - já se tem conhecimento através da divulgação de arquivos confidenciais - intervieram em todos os movimentos ditatoriais  aqui pelos lados da America Latina, in-clusive por meio da chamada Operação Condor, quando literalmente detonaram alguns dos principais políticos que poderiam contra-atacar os movimentos autoritários promo-vidos pelos militares. 
 
Certo é que, mesmo depois desse período, com o início da redemocratização, a política intervencionista americana nunca deixou de existir. Ela sempre esteve presente, ainda que de maneira mais ou menos oculta. Nos últimos anos, porém, depois que o PT assumiu a cabeceira do poder central, e implantou uma política externa mais autônoma, as práticas imperialistas dos EUA, voltadas para uma intervenção nas instituições naci-onais, parecem ter aumentado. 
 
Essa constatação encontra ressonância a partir das informações dos relatórios sigilosos da diplomacia norte-americana vazadas pelo Wikileaks, que contem dados minuciosos sobre a política interna e externa do Brasil. Uma verdadeira devassa nos ar-quivos do alto escalão dos poderes tupiniquins. Os grampos dos telefones de Dilma Roussef, realizados pela NSA, e o contato direto do atual presidente Michel Temer com funcionários da embaixada dos Estados Unidos,  em reuniões que eram realizadas para comentar sobre a situação política do país, exemplificam bem a profundidade dessa ingerência, que atualmente ganha novos elementos com a Lava Jato. 
 
Já se sabia do vínculo entre o juiz Sérgio Moro e os norte-americanos, a partir de cursos desenvolvidos por agentes ianques direcionados a grupos de magistrados bra-sileiros, com o suspeitíssimo objetivo de estímulo ao combate à corrupção. Porém, a úl-tima audiência entre aquele magistrado e os advogados do ex-presidente Lula, lança novos elementos relacionados ao nível de participação americana nos derradeiros acon-tecimentos nacionais, que têm levado o país a uma barafunda geral. 
 
O depoimento de Eduardo Leite, ex-executivo da Camargo Corrêa, revelou que o Ministério Público Federal estaria trabalhando junto a autoridades norte-americanas, em contrariedade a tratado firmado entre Brasil e EUA. Esse delator chegou mesmo a dizer que foi procurado pelo Departamento de Justiça daquele país, por intermédio de representantes da operação. E segundo Cristiano Zanin, advogado de Lula, "Nos EUA, abriram ações bilionárias contra a Petrobras usando de elementos enviados pelo juiz Sér-gio Moro". 
 
Essa atuação dos norte-americanos, ao que parece, tem como modus operandi a promoção da desestabilização financeira e política do país, com o objetivo de manter o seu poder hegemônico, sobretudo através da velha ascendência econômica via neolibe-ralismo entreguista. Não por outro motivo, alguns dos documentos vazados pela turma de Julian Assange, demonstram o interesse dos Estados Unidos em espionar os princi-pais responsáveis pelas questões econômicas do Brasil, do presidente da república ao presidente do banco central. 
 
De todo modo, essas são peças de um quebra-cabeça ainda incompleto. Certeza mesmo é que os ianques voltaram a colocar todos os dentes no pescoço do nosso país. Por isso, todo cuidado é pouco. 
 

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