Política

Motta veta sessões na Câmara e irrita oposição bolsonarista

22/07/2025 14h32

Motta veta sessões na Câmara e irrita oposição bolsonarista

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), proibiu, nesta terça-feira (22), a realização de reuniões de comissões até 1º de agosto. A decisão gerou forte reação da bancada de oposição, especialmente de parlamentares do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que planejavam sessões com moções de apoio ao ex-mandatário.
 
A medida de Motta foi oficializada por meio de ato publicado no Diário da Câmara pouco antes do meio-dia. A justificativa foi a realização de reformas estruturais no anexo 2 da Casa, onde estão localizadas as salas das comissões — incluindo a troca de piso, instalação de painéis de madeira e substituição de sistemas de áudio e vídeo.
 
No entanto, a suspensão atingiu diretamente duas comissões que haviam sido convocadas por parlamentares bolsonaristas: a Comissão de Segurança Pública, presidida por Paulo Bilynskyj (PL-SP), e a Comissão de Relações Exteriores, liderada por Filipe Barros (PL-PR). Ambas tinham pautado moções de solidariedade a Jair Bolsonaro, que está sob medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e proibição de uso de redes sociais.
 
Bilynskyj classificou a decisão como censura à atividade parlamentar. “É uma decisão que nos impede de manifestar nossa opinião, nossa palavra”, criticou.
 
Filipe Barros, por sua vez, anunciou que a oposição vai intensificar mobilizações populares. “Nós voltaremos às nossas bases e falaremos com a militância para mobilizar o povo para se manifestar nas ruas”, disse.
 
Deputados chegaram a se reunir simbolicamente na sala da comissão de segurança, exibindo placas de apoio ao ex-presidente. Do lado de fora, o clima era de revolta. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, confirmou que pediu a Bolsonaro que não comparecesse ao Congresso nesta terça, considerando as restrições judiciais vigentes. O ex-presidente, no entanto, foi visto na sede do partido pela manhã.
 
Além das reuniões vetadas, a oposição articula estratégias para o segundo semestre. Foram anunciadas três frentes internas para coordenar a atuação da bancada: mobilização nas redes (comandada por Gustavo Gayer), articulação interna (Cabo Gilberto), e mobilização externa (Rodolfo Nogueira e Zé Trovão).
 
Entre as prioridades está a tramitação da PEC do Fim do Foro Privilegiado (PEC 333/2017) e o projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
 
A reação da oposição ocorre em meio à escalada das tensões entre o STF e Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga a atuação internacional de Eduardo Bolsonaro nos EUA, determinou novas restrições ao ex-presidente. Moraes considerou que Bolsonaro e seu filho atuaram de forma dolosa para influenciar políticas externas contra o Supremo. 

Fonte: Com informações de Agência Brasil