prev
next
Natal
Foto: Divulgação
 06.11.25_5a0acdee.jpg)
Audiência Pública dos Bibliotecários celebrou o Dia Mundial das Bibliotecas com debate sobre acesso à leitura
01/07/2025 18h07
A Educação, pilar fundamental de uma sociedade justa e progressista, encontra na biblioteca um espaço privilegiado de democratização do conhecimento. Em sintonia com essa visão, no último sábado, 1º de julho, celebrou-se o Dia Mundial das Bibliotecas, data simbólica que reforça a importância desses espaços e dos profissionais que os tornam vivos e acessíveis à sociedade.
Em alusão a essa data, a Câmara Municipal de Natal realizou, na quinta-feira, 26 de junho de 2025, às 14h, uma Audiência Pública sobre o papel dos bibliotecários e das bibliotecas na promoção da cidadania e da educação crítica. O encontro teve como objetivo sensibilizar o poder público e a sociedade sobre a urgência de ampliar o acesso à leitura e valorizar os profissionais que atuam na mediação do conhecimento: os bibliotecários e bibliotecárias.
Desde 1996, o curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) já formou cerca de 700 profissionais, consolidando-se como referência na formação de agentes de transformação por meio da informação. Em 2026, o curso completa 30 anos de existência, e a audiência foi um momento oportuno para refletir sobre avanços, desafios e perspectivas da profissão.
Os dados apresentados durante a audiência reforçaram o cenário preocupante: segundo o Censo Escolar de 2022, apenas 31% das escolas públicas brasileiras possuem biblioteca, e dessas, apenas 45% contam com bibliotecário. Além disso, um levantamento do INEP apontou que 55% das escolas não têm sequer uma sala de leitura. Essa realidade compromete diretamente o desenvolvimento da alfabetização crítica e do pensamento autônomo entre crianças e adolescentes.
Outro dado alarmante discutido foi o da leitura no Brasil: 48% da população com mais de cinco anos não havia lido nenhum trecho de livro nos três meses anteriores à pesquisa, e apenas 52% eram considerados leitores regulares. Ainda segundo os dados, 27% da população brasileira é considerada analfabeta funcional — ou seja, possui dificuldades para compreender textos simples do cotidiano.
Diante desse cenário, o professor e vereador Cláudio Custódio, presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Natal e propositor da audiência, destacou a importância de ações públicas estruturantes. “Nosso objetivo foi dar voz aos bibliotecários, escutar os desafios e, junto com a Prefeitura, pensar políticas públicas que ampliem o acesso à leitura. Minha mãe atuava em uma sala de leitura e, por isso, acredito profundamente no poder transformador dos livros e no protagonismo desses profissionais na formação de cidadãos críticos, criativos e inclusivos”, afirmou.
Cordel dos Bibliotecários
Durante a audiência, foi lançado o Cordel dos Bibliotecários, uma produção desenvolvida na disciplina “Informação, Sociedade e Democracia”, da UFRN, com oficinas conduzidas pelo cordelista Lino Sapo e pelo bibliotecário Raimundo Oliveira. A coordenação foi da professora Luciana Moreira, com apoio da jornalista e mestranda Glacia Marillac, que atua como estagiária docente na disciplina. “O cordel destaca o papel social do bibliotecário nas bibliotecas, ressaltando sua atuação como profissional essencial para a sustentabilidade informacional”, enfatizou a professora.
Além de seu papel estratégico na democratização do conhecimento, a profissão de bibliotecário foi recentemente destacada pelo LinkedIn como uma das 25 profissões em alta no Brasil para 2025. A crescente importância da gestão da informação em bibliotecas, escolas, empresas, startups e instituições públicas e privadas vem impulsionando essa valorização. Trata-se de um reconhecimento à expertise desses profissionais na curadoria, organização e mediação da informação em tempos de sobrecarga informacional e de desinformação.
A audiência, aberta ao público e transmitida ao vivo pela TV Câmara Natal, reuniu estudantes, bibliotecários, pesquisadores, gestores públicos e representantes da sociedade civil. O evento consolidou-se como um espaço potente de escuta e proposição, em defesa da leitura, da bibliodiversidade, do acesso à informação e da valorização dos profissionais da área. Tudo isso em plena sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, em especial os que tratam da educação de qualidade (ODS 4), igualdade de gênero (ODS 5), redução das desigualdades (ODS 10) e parcerias para o desenvolvimento (ODS 17).
