Fábio de Oliveira

24/01/2022 09h09

 

Nutricídio: a refeição está na mesa

Uma alimentação saudável no nosso país é um desafio, principalmente para as populações em vulnerabilidades econômica e social. O que é prejudicial à nossa saúde, encontra-se acessível nas gôndolas dos supermercados: alimentos processados em tantas categorias, transgênicos e oriundos de uma agricultura aos moldes do Agrotech. Muitas vezes, acreditamos ser o mais saudável, porque assim é apresentado na publicidade Global. Diariamente, bebemos e comemos cada vez mais venenos, e seguimos sem questionar o aumento de doenças, nossa baixa imunidade e as absurdas mortandades.

A ausência de informações e ações que estimulem o diálogo para conscientização alimentar e sustentável, contribui não somente com o aumento do consumo de produtos que, em longo prazo, degradam nossa saúde e matam-nos, mas também para enriquecer toda uma indústria que vai passar por cima de tudo e todes para lucrar. Isso faz parte da necropolítica do país a fim de exterminar os povos que estão à margem.

O país é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo – até mesmo de alguns vetados em diversos países. A liberação do uso desses produtos, que mascaram como pesticidas, tem afetado não somente a população e fomentado a insegurança alimentar, mas também traz consequências degradantes para a água, a fertilidade do solo, a fauna e a flora. A agricultura vendida e disseminada na tevê, não tem nada de saudável na sua prática!

As empresas da indústria agroquímica mundial, como a Bayer Cropscience, FMC, Basf, Syngenta dentre outras, lucram anualmente um valor que ultrapassa 50 bilhões de euros. Com toda essa gigantesca receita circulada, fica fácil financiar congressos, fóruns e outros eventos que fomentem apoio a esse segmento, somadas à proposital falta de políticas públicas que priorizem, discutam e tomem ações para uma agricultura sustentável para a mesa da população – sem falar na expansão da monocultura, invade cada vez mais os territórios indígenas.

Além de todos os agrotóxicos inseridos na nossa alimentação, o sal e o açúcar – e tantos outros aditivos químicos presentes diariamente – são responsáveis por estatísticas preocupantes, pelo grau nocivo e de grandes riscos para nossa saúde. O número de pessoas diabéticas e hipertensas vem aumentando exponencialmente. Percebemos que é comum ter parentes ou conhecidos que se enquadram nessas condições de saúde.

Esse conjunto de aspectos faz-nos concluir que essa quadrilha está bem estruturada: o pacote do veneno pela PL 6299 e cumplicidade entre políticos e empresas por interesses em comum. Isso só fomenta cada vez mais a política de nutricídio em nosso país, que além do contexto pandêmico que estamos vivendo, gera a inacessibilidade à alimentação básica e a fome.

Oque é ofertado pelo Agropop não é a única alternativa que temos. Pouca conhecida e discutida, as PANCs (Plantas Alimentícias Não-Convencionais) nos fornece uma alimentação natural e livre de agrotóxicos, com uma diversidade de nutrientes e vitaminas para a manutenção do nosso organismo, além de serem fáceis de encontrar e cultivar.

Ações para uma alimentação saudável da população não partirão do Poder Público, haja vista o jogo de interesses que existe Se perto da sua casa tem feiras livres, certamente você encontrará alimentos orgânicos, frescos e ótimos para o consumo, sem se preocupar com agrotóxicos. Boa parte dos alimentos consumidos é oriunda da agricultura familiar. Pequenos agricultores plantam, colhem para suas famílias e comercializam nessas feiras.

Sabermos como opera o nutricídio e como as soluções sustentáveis são vistas como subversivas à lógica capitalista. Tensionar políticas públicas e incentivos de ações comunitárias independentes, que prezem pela sustentabilidade, são táticas para sobrevivermos e não sermos vítimas constantes do agronegócio. Precisamos cobrar por uma alimentação saudável e livre de agrotóxicos, pois é um direito nosso!


 


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