Fábio de Oliveira

23/08/2021 00h08
 
Cineoka: Culturas e resistências
 
 
O audiovisual tem um poder transformador na sociedade, quando utilizado de maneira crítica e colaboradora para mudanças sociais. É um segmento que dialoga com qualquer outra área capaz de potencializar discussões, pensamentos, reflexões e ações coletivas. A maioria das pessoas subestimam as possibilidades dessa forma de se comunicar. No texto de hoje vou falar sobre o projeto do qual faço parte: o Cineoka.
 
Visando inicialmente exibir curtas e longas-metragens nacionais e regionais, que dialogassem com as temáticas indígenas e socioambientais, o Cineoka foi idealizado em meados de 2017 pelos coletivos Gamboa do Jaguaribe e Okarusu Pytã. No decorrer das edições, o projeto foi ganhando mais força com o apoio audiovisual Odara Produtora – empresa que também é engajada na promoção da visibilidade da produção indígena. Mesmo sem apoio financeiro, o projeto funciona em modus militante. Como eu costumo dizer, a produção tem sido feita na “tora”.
 
Diante da falta de atrações de arte, cultura e lazer nos finais de semana na Zona Norte de Natal/RN, o projeto tornou-se uma das principais alternativas acessíveis para as comunidades e público de diversas faixas etárias.
 
A cada edição realizada, outras artes e formas de expressões e interações artísticas foram se somando ao projeto. As exposições fotográficas de cenas potiguares intituladas de Ta’anga Potyguara, foram idealizadas por mim e meu grande amigo Diogo Ferreira, que também é membro da Odara Produtora. Apresentações musicais de artistas locais como Coco Juremado e as Flechas, Ponta D’Lança Potiguar e Frank Lemos, Mariano da Silva e a Rabeca Potiguar, dentre outros, têm fortalecido musicalmente as edições.
 
As rodas de peteca, e práticas com arco e flecha, possibilitam maior conhecimento sobre artefatos e artesanatos indígenas – que também são expostos no Cineoka. Os diálogos sobre a diversidade dos nossos povos, contextos e troncos linguísticos indígenas, que sempre acontecem antes das sessões, são provocados por Akanguassu. No final da tarde, esteiras e redes são posicionadas no interior da oca, configurando um ambiente confortável e aconchegante para o público. 
 
A organização do Cineoka não se limita apenas em decidir um dia e horário para acontecer a programação. Existe todo um esforço para que o evento aconteça: divulgações, seleção de obra audiovisual para debates, execução técnica, leituras e estudos. O que queremos é fortalecer e visibilizar nossas (re)existências e (bio)diversidades por meio não somente das exibições audiovisuais, mas pelas demais vivências e expressões possíveis que compõem o evento.
 
O projeto no decorrer, do ano de 2020 e parte de 202,1 esteve com as atividades suspensas em virtude do cenário pandêmico. Com as vacinações ocorrendo de forma gradual, viabilizando o retorno dos trabalhos, trazemos boas novas! Até o final desse ano retornaremos com a 17ª edição, seguindo protocolos de segurança à nossa saúde.
 
Desde já, estão todes convidades!
 

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