Cefas Carvalho

25/03/2020 10h43
 
Necropolítica: É isso! 
 
No fim de semana eu havia planejado escrever o meu texto desta quarta-feira no Portal PN com este título: "Necropolítica". Necro, do latim, morte. Uma ação política que favorece, estimula ou permite a morte de cidadãos. Para descrever as opiniões de gente como o ministro Paulo Guedes (que minimiza mortes há tempos) e dos empresários Junior Durski (que afirmou que paralisações não se justificam por conta "de 5000 pessoas ou 7000 pessoas que vão morrer") e Roberto Justus ("é uma gripezinha leve que só mata velhinhos e gente com problemas de saúde anteriores").
 
Mas, o pronunciamento de Jair Bolsonaro ontem em cadeia nacional se me fez manter o título, mudou o norte do texto. Bolsonaro é o comandante em chefe da Necropolítica, as demais pessoas só se pronunciam porque tem o respaldo dele. Ontem, Bolsonaro passou do respaldo para a efetividade. Contrariando OMS, ONU, todos os países, todas as autoridades médicas, ele quer que o brasileiro "saia do isolamento social e volte ao trabalho". Por causa da Economia, claro. Uma Economia que antes do Covid19 já não andava. 
 
A preocupação de Bolsonaro - e de Guedes e dos empresários citados - é com o Mercado e com seus bolsos. Vida humana está em segundo lugar.
 
Bolsonaro e Guedes desprezam a vida humana. Principalmente aqueles fora do eixo em que vivem. Eixo de classe, de gênero. Para eles, os homens "com passado de atleta", fortes (ou seja, para eles, héteros), classe média (que se acha alta) e alta (que se acha acima dos demais mortais) e "não velhinhos" (Justus tem 64 anos mas se acha um boy). É Eugenia que chama. Velhinhos, doentes, pessoas sem imunidade e mais fracas merecem morrer.
 
Menos mal que os governadores, até os eleitos com as bençãos do bolsonarismo, como Dória, Witzel e Caiado, não embarcaram nessa e seguem os conselhos das autoridades médicas. 

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