Cefas Carvalho

26/06/2018 22h59
Claro que no Capitalismo, faturar (para alguns) e gastar (para outros mais) é a alma do negócio. E que é justo que paguemos por serviços que utilizemos, a fim de fazer a engrenagem - leia-se, a Economia - continuar girando. Mas, claro também que há exageros e distorções. Para não dizer absurdos e espertezas mesmo, em alguns casos.
 
Em viagem recente a São Paulo e Rio de Janeiro, pude, mais uma vez, sentir na pele, digo, no bolso, algumas dessas formas de se tentar ganhar dinheiro de todas as formas possíveis, mais no Rio do que em Sampa, diga-se, numa espécie de manutenção da lei do Gérson, craque canhoto que, aliás, jogou em Botafogo e Fluminense, times cariocas.
 
As primeiras diferenças estão nos detalhes e nos serviços. Nas Rodoviárias de São Paulo, tanto na do Tietê como na de Barra Funda, os banheiros são gratuitos, como deve ser. No Terminal Rodoviário do Rio, cobrança de 2 reais para entrar no sanitário. Bem aquém dos similares paulistanos, por sinal. Na Rodoviária da bela cidade de Petrópolis, na serra carioca, mais cobrança:  R$ 1,65 para ter acesso ao banheiro.
 
Ainda sobre banheiros, o mais bizarro foi ver em pelo menos três bares em diferentes bairros do Rio, cartazes (um deles escrito a caneta azul!) com os dizeres "Banheiro para não clientes: 2 reais". Em São Paulo, por mais defeitos que bares e restaurantes possam ter, acolhem sem maiores problemas e cobranças necessitados que precisem usar urgentemente seus mictórios (e fui prova disso).
 
Em equipamentos culturais, a situação se repete. Com as exceções que confirmam a regra, em São Paulo há muito mais opções culturais e de lazer gratuitas do que na Cidade Maravilhosa. Somente em um quarteirão da Avenida Paulista, logo no início dela, colada ao Paraíso, fomos a quatro equipamentos culturais com ampla programação, todos gratuitos: Casa das Rosas, Itaú Cultural, Japan House e Sesc Paulista. A situação se repetiu em parques, espaços culturais estaduais, etc.
 
No Rio, a situação é bem diferente. Fiquei chocado com a cobrança para entrar na área de árvores e trilhas do Jardim Botânico (16 reais). Museus do Rio, ao contrário de quase todas as grandes cidades do mundo, não tem o "dia gratuito" nem promoções para grupos. Outro choque foi o preço para o Bondinho de Santa Teresa (20 reais) para seu curto trajeto entre Lapa e Largo do Guimarães, centro nervoso do bairro de Santa Teresa. Quando indaguei ao bilheteiro - eu que já andara de bonde por valor menos que o da passagem de ônibus normal, R$ 3,95 - ele resmungou algo como: "Foi há muito tempo esse preço. Hoje é assim!".
 
Sim, meu senhor, hoje é assim no Rio de Janeiro. Reclamar a quem? Ao bispo (Crivella)?

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