Cefas Carvalho

26/11/2017 23h51

A entrevista da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia à colunista Eliane Catanhêde e ao repórter Rafael Moraes Moura, ambos do Estado de S. Paulo, cimentou a decepção e as impressões que eu tinha sobre ela.

Não devo ser o único a estar decepcionado com as posturas e as omissões dela. Os 7 ou 8 amigos fascinados pelo Supremo e que celebraram a ascensão de Carmen á presidência do STF como um momento de justiça e credibilidade do Supremo, vem se mantendo calados há meses e nunca mais comentaram sobre o tema nem na timeline deles próprios nem nos meus posts, como costumavam fazer.

Carmen defendeu o fim do foro privilegiado de forma mais abrangente. “Os processos da Lava Jato precisam ser julgados. A sociedade espera uma resposta, quer para condenar, quer para dizer que determinadas pessoas sejam absolvidas. É preciso que se julguem os crimes de corrupção, que ninguém suporta mais”, disse a presidente do STF.

Certo, ministra. Palavras bonitas, cercadas de pompa e circunstância e ideais para o leitores do Estadão - que idolatram Moro e tem afinidade com Dória - mas na prática e no dia a dia do pleno do STF a senhora batalha para que se "julguem os crimes de corrupção, que ninguém suporta mais”? Cartas para a redação.

Ela também admitiu o desgaste que gerou o seu voto no julgamento que decidiu que o Congresso pode rever afastamento e medidas cautelares diversas da prisão aplicadas a parlamentares. Para Cármen Lúcia, o pior não foi o desgaste, mas que seu voto não tenha ficado claro. .

Ainda sobre o tema, que gerou o "efeito Aécio" de se soltar parlamentares presos pela Justiça em todo o país, uma frase de Carmen já partiu para o non sense e para o bizarro: “A opinião pública queria que a decisão do STF valesse independentemente das consequências para o outro poder, mas o STF fez o que tinha de fazer, como determina a Constituição, que enaltece o mandato para garantir a soberania do voto popular”.

Soberania do voto popular, Carmen? Tipo... Dilma Roussef, eleita pela maioria do eleitorado brasileiro em 2014?

Carmen pode, e até deve, ser honesta, correta, ter amplo conhecimento jurídico e ser uma pessoa, digamos, de bem. Mas perdeu a chance histórica - duplamente histórica por ser mulher - de não ser omissa nem pusilânime e frear os horrores que vem acontecendo no Brasil. Preferiu fechar os olhos para o que lhe convém e jogar para a plateia.
 


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