Pinto Júnior

21/05/2017 18h06
 
A cúpula do PSDB cancelou reunião marcada para o fim da tarde deste domingo (21), em Brasília, quando seria discutida a continuidade do apoio do partido ao governo do presidente Michel Temer (PMDB), que virou alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) após delação premiada dos executivos do grupo JBS.
 
Com quatro ministros e a terceira maior bancada do Congresso, com 11 senadores e 47 deputados federais, a legenda é a principal aliada do PMDB no governo federal. De acordo com o líder do PSDB no Senado, o senador Paulo Bauer (SC), o encontro foi cancelado "para não alimentar especulações" de que o partido decidiria hoje desembarcar do Planalto.
 
Internamente, a repercussão na imprensa da convocação de reunião entre tucanos e integrantes do DEM, como o senador Agripino Maia (RN), presidente nacional da sigla, pesou na decisão, segundo apurou a reportagem do UOL.
 
Entre os tucanos, "responsabilidade" tem sido a palavra de ordem desde a divulgação, na quarta-feira (17), das primeiras informações sobre a delação que levou à abertura de inquérito no STF contra Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi afastado de suas funções no Senado e se licenciou da Presidência nacional do partido.
 
Logo depois de assumir o lugar de Aécio, na quinta (18), o agora presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), divulgou nota informando que, "mantendo sua responsabilidade com o país, que enfrenta uma crise econômica sem precedentes, o PSDB pediu aos seus quatro ministros que permaneçam em seus respectivos cargos".
 
No comunicado, o último oficial até o momento, a decisão foi condicionada a "enquanto o partido, assim como o Brasil, aguarda a divulgação do conteúdo das gravações dos executivos da JBS", o que ocorreu no dia seguinte.
 
No segundo pronunciamento de Temer desde o início da crise, neste sábado (20), um dos poucos aliados que acompanharam o presidente até o local do discurso foi o ministro da Secretaria de Governo, o tucano Antônio Imbassahy (BA). Procurado, ele não atendeu aos telefonemas da reportagem neste domingo.
 
Encontro com aliados
Temer deixou o Palácio do Jaburu na manhã de hoje, onde recebeu aliados e assessores, e seguiu para o Palácio da Alvorada acompanhado dos ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e da Casa Civil, Eliseu Padilha.
 
Também pela manhã, Temer recebeu no Jaburu --residência oficial da vice-presidência onde o Temer mora com a família-- o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
 
Esta noite, no Palácio da Alvorada, ele vai receber parlamentares da base aliada e ministros para um jantar. Em meio à crise aberta pela delação de executivos da JBS, Temer tenta garantir apoio no Congresso e manter a agenda de reformas.
 
Pedido de impeachment
Em reunião finalizada na madrugada deste domingo (21), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) decidiu que entrará com um pedido de impeachment contra Temer na Câmara.
 
O parecer aprovado por 25 votos a favor e um contra no Conselho Federal da OAB aponta que Temer cometeu crime de responsabilidade ao não comunicar autoridades competentes sobre a conversa que teve com o empresário Joesley Batista.
 
A conversa entre Temer e Joesley foi gravada pelo próprio empresário e anexada à delação premiada do dono do grupo JBS, homologada pelo STF. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte, autorizou a abertura de inquérito para investigar se Temer cometeu os crimes de corrupção passiva, obstrução de justiça e formação de organização criminosa.
 
No encontro que aconteceu no Palácio do Jaburu, residência de Temer, Joesley falou sobre uma mesada paga ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso e condenado na Lava Jato, e sobre a tentativa de interferir em investigações contra o grupo empresarial comandado por Joesley. O empresário fala em "segurar" dois juízes. Temer responde: "ótimo".
 
Em pronunciamento neste sábado, o presidente resolver atacar o delator e se defendeu das acusações.

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