Cefas Carvalho

18/08/2016 11h48
O francês Renaud Lavillenie, multicampeão e recordista de salto com vara é um babaca? É sim.
 
Não sabe perder. Comparou sua situação no Engenhão á de Jesse Owens em 1936 com a torcida nazista e Hitler. Exagerou, claro. E é um bobalhão, apesar de excelente atleta.
 
Philippe d'Encausse, técnico de Renaud, que desmereceu a vitória do brasileiro Thiago Braz no salto com vara e disse que o feito se deveu a "forças místicas do candomblé", é mais babaca ainda? É sim.
 
Dois franceses babacas. Não representam a nação francesa, nem são o símbolo do que é "ser francês". São maus perdedores que simplesmente nasceram na França.
 
Mas...
 
O brasileiro que vaia todo e qualquer ser humano que esteja em competição contra outro brasileiro, é babaca também?
 
É sim. E muito.
 
Sem paixões e arroubos, expliquemos.
 
Vaiar e fazer do estádio ou arena um "caldeirão" em esportes coletivos, onde a responsabilidade é compartilhada e não é apenas um momento que decide a competição, é mais que válido. Acontece em todo o mundo, no futebol italiano, no basquete espanhol, no volei russo, no hóquei sobre o gelo americano, este último nem esporte olímpico é.
 
São esportes de massa, se valem de camisas e instituições centenárias. Quando seleções nacionais, juntam 12, 15, 23 atletas.
 
Esportes individuais são diferentes. O atleta precisa de concentração.
 
Uma largada nos 100m rasos, uma prova de argola na ginástica ou um salto com vara como o da prova citada aqui, são competições individuais, algumas delas com uma só chance. Sem possibilidade de reversão, como no futebol quem perde por 2x0 pode virar para 3x2, idem no volei.
 
A dinâmica é diferente. Quem tentar me convencer que uma disputa nos saltos ornamentais entre uma polonesa e uma chinesa é equivalente a um Brasil x Argentina no futebol, vai perder tempo e vocábulos.
 
Daí a frase cruel, mas necessária: vaiar um atleta solitário em uma competição individual que necessite de concentração por lidar, não com uma bola em coletivo, mas com altura, distância ou um aparelho, é babaquice, sim.
 
É falta de educação.
 
E isso esses jogos estão mostrando: que como torcedores, somos alegres, solícitos, coloridos, porém, mal educados.
 
Sem far play.
 
Voltando ao chatinho do mau perdedor  Renaud: ele é marrento, não fala direito com os adversários, não sorri muito. Mas, não merece ser vaiado. É um atleta de ponta, recordista munidial, merece respeito. Disputava uma Olimpíada, não os joguinhos escolares com a torcida adolescente cheia de hormônios. Ele era adversário de Thiago, não inimigo.
 
Talvez o problema seja esse: pensar que o adversário seja inimigo. Tem gente que acha que é patriotismo. Não é, não. É incivilidade.
 
E, que me desculpe quem zoou o francês pedante e seu técnico babaca, mas, vaia-los e crucifica-los depois nas redes sociais é babaquice também.

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