Homenagem

Almir Padilha e as marcas deixadas na música e cultura potiguar

06/05/2025 15h31

Por: Hiago Luis

Almir Padilha e as marcas deixadas na música e cultura potiguar

Foto: Reprodução
 
 
O cantor e compositor, Almir Padilha foi encontrado morto na noite da última segunda-feira (05), em sua residência em Parnamirim. Sepultado nesta terça-feira (06), Padilha deixou um legado importante para a cena musical de Parnamirim e do Rio Grande do Norte. 
 
Ao longo dos últimos 25 anos, o artista concedeu diversas entrevistas ao jornal Potiguar Notícias, incluindo a da primeira edição impressa, em que fala sobre vida, inspiração e reconhecimento. Nesta matéria vamos rememorar duas das entrevistas concedidas ao jornal. 
 
Histórico  - Primeira entrevista no Jornal Impresso 
 
"Padilha tem novo disco", assim estava estampado na capa do então "Parnamirim Em Notícias", que posteriormente mudaria para Potiguar Notícias. Na edição nº 01 do jornal, de julho de 1999, que destacava a disputa política entre Raimundo Marciano e Agnelo Alves, por Parnamirim, também abria espaço para valorizar a música potiguar. 
 
 
No topo da página 09, o novo disco do músico Almir Padilha, intitulado "Gonzagueando", ocupava o lugar de destaque. A entrevista, concedida ao saudoso jornalista José Pinto Júnior, fundador do Potiguar Notícias, trazia "Padilha é alegria e esperança". 
 
Então com 47 anos, o cantor e compositor, que já tinha publicado o seu primeiro trabalho independente, o disco "Tudo de Bom", agora surgia com uma nova obra. Com músicas como "Na Fulô da Fulía", "Festa de Vaquejada", "Caneco de Alumínio", "Parnamirim", "Gargalheiras", "Saga do Carnaubal" e "Gonzagueando", que dava nome ao disco, traziam em suas composições traços importantes da personalidade, história e trajetória de vida.
 
Inspiração 
 
Inspiradas na cultura regional, destacando e reconhecendo os elementos, lugares e traços que compunham, Parnamirim e o Rio Grande do Norte, Almir Padilha cantava "sua aldeia" e ao mesmo tempo encantava a todos. Sua capacidade enquanto compositor advinha de uma sensibilidade aguçada e inspirada por atores do cenário regional e nacional. 
 
 
Para além da influência clara do trabalho de Luiz Gonzaga, Padilha menciona já nesta primeira entrevista a influência de Tonheca Dantas, no cenário local, e da Jovem Guarda, no cenário nacional. Contrariando a vontade do pai, que queria ver Padilha "pilotando aviões", o artista se entregou à música.
 
Início
 
Aos dezoito anos, Padilha iniciou na música em Parnamirim. Seu primeiro instrumento musical foi um órgão que tinha sido aposentado pela igreja católica, então cedido pelo Padre Geraldo. Além de um violão conseguido pelo irmão mais velho.
 
Com os instrumentos, Almir Padilha iniciou tocando os sucessos de Roberto e Erasmo Carlos. "Essas músicas não influenciaram o meu modo de compor e cantar, mas serviram para que eu iniciasse", afirmou o artista na entrevista publicada em 1999.
 
De 1968 à 1972, atuou como contrabaixista em bandas que tocavam no antigo Clube Potiguar de Parnamirim. Nesta época, ele também participou de shows em cidades como Natal e Macaíba, mas ainda escondia suas próprias composições.
 
Vida no Rio de Janeiro
 
Assim como acontece ainda hoje com diversos artistas, que precisam primeiro buscar um reconhecimento externo, para só depois conseguir o sucesso local, Almir Padilha partiu para o Rio de Janeiro.
 
Em terras cariocas, Almir Padilha buscou estudar mais sobre música e participar de programas de televisão. Em um deles, no programa "A Grande Chance", de Flávio Cavalcante, conheceu artistas de grande projeção nacional, tais como Djavan e João Bosco. 
 
Em 1983, alcançou reconhecimento ao vencer o Festival Canta Nordeste, promovido pela Rede Globo, o que consolidou seu nome no meio artístico. Apesar do prestígio conquistado, nos últimos anos levou uma vida simples e discreta em Parnamirim.
 
Outras entrevistas
 
Ao longo de sua trajetória na música, Almir Padilha concedeu diversas entrevistas ao Potiguar Notícias. Além desta, que relatamos acima em que fala de carreira e obra, o artista também falou em outros momentos sobre como via a música brasileira.
 
Em 2019, em uma entrevista concedida ao jornalista William Medeiros, Padilha afirmou não ser um crítico das músicas atuais, mas que sentia falta de letras mais trabalhadas. Compositor de músicas com mensagens bem definidas e forte influência poética, Almir Padilha gostava das letras que faziam os ouvintes pensarem sobre a vida. 
 
Ainda nesta entrevista, Almir Padilha destacou as dificuldades vividas no Rio de Janeiro, quando buscou espaço em gravadoras e via “portas fechadas” para a música regional. Ele também canta uma palinha e mostra seu talento interpretando sua composição: "O Vaqueiro Dé", que destaca a trajetória de um vaqueiro Parnamirinense.  
 

Autor: Hiago Luis