Dra. Aline Leite Nogueira
Ginecologista e Obstetra, especialista em Reprodução Humana
(CRM-SP 102.616)
23/04/2024 09h53
Como anda o uso de preservativo entre os adolescentes?
O assunto que eu trouxe hoje, o uso de preservativo entre adolescentes, veio temperado com números e estatísticas. É um resumo de uma publicação de 2019 do IBGE (a mais atualizada) que traz números preocupantes a respeito do autocuidado e prevenção de doenças entre os jovens.
O uso de preservativo nas relações sexuais é indicado tanto para prevenção de gravidez como para evitar a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (IST). Para prevenção de gravidez indesejada, existem vários métodos, mas a única forma que possuímos para prevenir IST é com o uso dos preservativos, o que torna seu uso de extrema necessidade. Porém, o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em seu estudo PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) de 2019 mostra uma realidade não tão animadora quando se trata dos jovens. Este levantamento que compreendeu o período de 2009 a 2019 mostrou que o percentual de jovens entre 13 e 17 anos que usaram preservativo em suas últimas relações caiu de 72,5% em 2009 para 59% em 2019.
Em relação a primeira relação sexual 63,3% dos adolescentes pesquisados referiram ter feito uso de preservativo, porém quando separado por idade notou-se que uso de camisinha entre jovens de 13 a 15 anos foi menor quando comparado aos grupos de 16 a 17 anos (61,8% contra 64,5%). Este resultado mostrou que uma parcela significante dos adolescentes que iniciaram sua atividade sexual no período não se importou com a prática de sexo seguro.
A diferença entre os percentuais dos adolescentes que usaram camisinha na primeira relação sexual (63,3%) e na última (59,1%) nos mostra que uma parcela relevante de adolescentes deixou de fazer uso de preservativos em suas relações e este padrão é ainda mais acentuado no grupo de 16 a 17 anos, já que 57,6% destes adolescentes informaram ter feito o uso em sua última relação.
Estes números nos mostram que existe uma grande lacuna entre a teoria e a prática. Por mais que pais e escola se dediquem na educação sexual, na orientação quanto aos riscos envolvidos nas práticas sexuais desprotegidas, há uma grande necessidade de intensificar o diálogo aberto e verdadeiro com os adolescentes.
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