Dra. Aline Leite Nogueira

27/02/2024 06h56

 

Inteligência Artificial e Humanidade na Atividade Médica

 

Eu sou médica Geração X. Minha formação de ensino médio (na época segundo grau) foi de estudo em livro, os trabalhos escolares eram feitos com pesquisa na Barsa. Me formei em Medicina no ano 2000, fui a última do século XX. A Residência Médica, que aconteceu no século XXI, já tinha um quê de tecnologia avançada. De repente, duas décadas depois, pesquisas em livros já não servem para atualização científica, operar com técnicas tradicionais muitas vezes já não é o melhor para os pacientes. Vi a vida do século XX se transformar rapidamente até chegar no que temos de novidade: a Inteligência Artificial (IA).

Entre a medicina ginecológica e a evolução da inteligência artificial, vi a revolução que a IA trouxe para o campo da saúde. No entanto, devo reconhecer que, mesmo com avanços significativos, há elementos da prática médica que permanecem humanos e que a IA ainda não pode replicar.

A IA tem se destacado em áreas como diagnóstico por imagem, análise de grandes conjuntos de dados e até mesmo em cirurgias assistidas. Sua capacidade de processar informações rapidamente e identificar padrões complexos tem sido inestimável. No entanto, a verdadeira essência da prática médica vai além do diagnóstico e do tratamento. Envolve uma compreensão das necessidades emocionais e físicas dos pacientes, algo que a IA ainda não consegue alcançar.

A empatia é uma das habilidades humanas mais preciosas na medicina. É a capacidade de se colocar no lugar do paciente, entender suas preocupações, medos e esperanças. Enquanto a IA pode analisar dados clínicos e propor tratamentos, ela não pode oferecer conforto, compaixão ou o toque humano que muitas vezes é fundamental para a recuperação do paciente. A conexão real entre médico e paciente é construída através de interações pessoais, algo que não pode ser substituído por computadores.

Outro aspecto é o julgamento ético. A tomada de decisões na medicina muitas vezes envolve considerações morais e éticas que vão além de simplesmente seguir protocolos. Os médicos enfrentam dilemas éticos com muita frequência, e sua capacidade de discernir o que é certo e justo em uma situação particular é importante para fornecer o melhor cuidado possível ao paciente.

Portanto, sim, somos tecnológicos. Na Reprodução Assistida, então, já não sabemos mais viver com a tecnologia do século passado. A evolução está cada vez mais rápida, muitas novidades em muitos setores, mas uma coisa é certa: quando um ser humano toca outro ser humano somos, simplesmente, Humanos.


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