Jan Varela

Advogado, jornalista, Assessor de Procurador Estadual – PGE, Presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos e Cidadania – COEDHUCI.

Brasil Nunca Mais — 40 anos depois, o passado ainda bate à porta

15/07/2025 12h07

 

 

Quarenta anos após o lançamento de “Brasil: Nunca Mais”, nosso país se vê novamente diante do desafio de proteger a democracia. A obra, organizada por Dom Paulo Evaristo Arns, Hélio Bicudo e Jaime Wright, é uma pesquisa do período entre 1979 e 1985, que analisa mais de 700 processos do Supremo Tribunal Militar, sendo lançada em 15 de julho de 1985.

 

O estudo revelou com coragem e provas contundentes os horrores da tortura e repressão praticados durante a ditadura militar. Hoje, no mesmo dia em que um ex-presidente é indiciado por tentativa de golpe de Estado, apoiado por setores das Forças Armadas, percebemos que o passado ainda insiste em bater à porta do presente.

 

“Brasil: Nunca Mais” foi muito mais do que um livro, ainda é um grito de resistência e um marco histórico que quebrou o silêncio imposto pelo medo e pela censura. Uma obra que escancarou a violência do Estado e mostrou que o autoritarismo não chega de repente, mas se infiltra e se normaliza, especialmente quando não é combatido com verdade e justiça.

 

Mais uma vez é preciso agir, exigir responsabilizar os que atacaram e que atacam hoje a democracia. Um país que esquece ou perdoa seus golpistas sinaliza que a democracia pode ser descartada e que o sofrimento do passado pode ser facilmente ignorado.

 

Registrar os 40 anos de “Brasil: Nunca Mais”, enquanto o Brasil enfrenta mais uma ameaça à ordem democrática é um chamado à vigilância e à ação. O livro segue como advertência: nunca mais tortura, nunca mais silêncio, nunca mais golpe. O futuro da democracia depende da nossa disposição de lembrar, resistir e agir, pois o passado ignorado sempre encontra um jeito de voltar.

 

Jan Varela, jornalista, advogado, Assessor de Procurador de Estado, presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos – Coedhuci-RN, membro da ADJC Potiguar.

 


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