Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels
Estamos no quarto dia de uma guerra que, por sua dimensão, trás uma percepção de medo no mundo, dado que um desses países, o Estado de Israel, possui bomba atômica e NÃO É SIGNATÁRIA DO ACORDO DE NÃO-PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES e tem, por trás, a potência mais criminosa que já existiu na face desse mundo tão sofrido. Sei que muitos rangerão os dentes quando lerem o trecho anterior, no qual me reporto aos EUA, sem tirar nem pôr, dado que ainda se iludem quanto ao caráter do Estado norte-americano. Mas esse não é um artigo de história dos EUA.
Já estava claro que haveria, em algum momento, a deflagração desse conflito. Israel, desde há muito tempo, é governada por uma poderosa coalizão sionista e que, nos últimos anos, se caracterizou por uma postura cada vez mais racista e fascista e que, agora se concretiza nessa “guerra ao mundo” do nazi-sionista Benjamin Netanyahu. E por que falo “desde há muito tempo”? Netanyahu governa, com pequenos intervalos, desde junho de 1996. Como assim? Netanyahu governou entre junho de 1996 a julho de 1999 (três anos); de julho de 2009 a junho de 2021 (doze anos) e desde dezembro de 2022, ou seja, nos últimos 29 anos, Netanyahu governou dezoito anos, sendo que esse último período marcou a política do “Grande Israel”.
De um Estado criado para realocar os judeus, vítimas do genocídio nazista alemão, Israel cresceu e se fortaleceu sob a proteção dos EUA. É um protetorado e não se fala mais nisso. Sem a proteção dos EUA, Israel simplesmente não teria tido a capacidade de existir e, durante décadas, o Estado israelense teve a simpatia da maior parte dos países do mundo, visto que era colocado como a vítima de uma tentativa de extermínio desse Estado por parte dos países árabes. E, convenhamos, essa premissa foi defendida, pelo menos até 1979, por quase todos os países árabes da região, à exceção da Jordânia e do Líbano.
Já o outro contendor, o Irã, é apresentado ao mundo como um “país de ulemás”, atrasado e brutal. Um regime fundamentalista islamita. Sendo a mais antiga civilização daquela região, o Irã, desde 1979 é governado como uma república de caráter religioso, tal qual Israel que se autodenomina “Estado judeu”, e o regime colocou-se como “o maior inimigo do Grande Satã”, os EUA, durante a as décadas de 80 e 90, atraindo a antipatia dos regimes do Oriente Médio, principalmente da Arábia Saudita, ambos grandes produtores de petróleo e separador pela religião. Um é sunita (Arábia Saudita) e o outro é xiita (Irã). Dois bicudos não se bicam.
Desde a década de 80 EUA e Irã se atacam. Israel já bombardeou o Irã em várias ocasiões e com o mesmo pretexto: impedir que o país tenha sua bomba atômica. O Irã sempre negou, mas o Irã negar não significa nada. Israel tem a bomba atômica e não precisou negar.
A deflagração dessa guerra significa mais um passo do “Grande Israel”, já que destruir o regime iraniano, significaria assumir a hegemonia da região, o que não interessa a Turquia e nem as teocracias do Golfo Pérsico. Mas nem a Turquia e nem as teocracias do Golfo tem interesse em defender o Irã. A Turquia porque já ocupa o nordeste da Síria e controla boa parte das rendas do petróleo desse antigo país. Hoje a Síria é um arremedo de Estado, sendo que o governo dos “cortadores de cabeça”, são aliados de Israel; a Arábia Saudita porque, aliada dos EUA e inimiga do Irã, também tem interesses naquela região. Eu não citei o Iraque. Ele hoje não tem nenhuma importância na geopolítica regional.
Israel atacou o Irã, por precaução, e o Irã respondeu. Mas na mídia o agressor é o Irã. Israel tem o direito de se defender, e ataca; o Irã não tem o direito de se defender, e responde.
E antes de terminar, eu me remeto a um símbolo no qual hoje Israel se enquadra perfeitamente. O Estado Judeu encarna a macabra figura dos quatro Cavaleiros do Apocalipse: Conquista, já que o Estado nazi-sionista de Israel está expandindo territórios, às expensas do Direito Internacional e já ocupa a Faixa de Gaza, avança na Cisjordânia e controla praticamente o sul da Síria; Guerra, na medida em que Israel está configurado numa gigantesca base militar, movida a conflitos permanentes; Fome, que se expressa na lenta e agonizante morte de milhões de palestinos espremidos numa estreita faixa de terra, em Gaza; e Morte, a face mais real do regime sionista, que está operando um grande genocídio contra o povo palestino.
A geopolítica é complexa.
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