Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels
A civilização brasileira, tão rica e jovem, está sendo posta à prova. Em apenas uma década uma sociedade trôpega, baseada numa desigualdade social brutal, expôs suas vísceras. E a visão não tem sido nada agradável.
Uma das formas, que pode ser distorcida, de apresentar uma sociedade, é a sua representação política. Não vou perder meu tempo, e nem o do leitor, com a monótona exposição da “defesa do Estado democrático de Direito”, apenas ressaltando que “democrático” é espichar a corda e “de Direito” é quase uma piada, visto que os “direitos” são “graduados” conforme a classe social.
É preciso ver a REALIDADE e não a VONTADE. As Câmaras Municipais, Brasil afora, são a primeira apresentação de nossa história. Sim, principalmente nos médios e pequenos municípios, no chamado “Brasil profundo”. Os municípios, criados historicamente pelas elites locais, forjam pequenas lideranças que tem de lidar com a subordinação orçamentária, dada a sua fragilidade econômica. Prefeitos, meros gestores de massa falida, lidam com o poder local, com costuras e fofocas que o consagram como cabos eleitorais para eleições à deputadoria estadual, e os vereadores representam, na prática, os interesses dos prefeitos, para “dar um jeito” nas demandas de suas comunidades.
As Assembleias Legislativas, seguindo essa lógica de raciocínio, são o desaguadouro das pequenas e médias lideranças locais e tornam-se um púlpito para os deputados fortalecerem seus pequenos feudos eleitorais e para obterem vantagens políticas, barganhando votos despudoradamente, ou mudando de partidos, como uma espécie de “feira partidária”. É tudo tão escancarado e tem piorado muito, que as eleições para deputados estaduais, sempre casadas com as eleições gerais, viraram um espetáculo deprimente, em que o voto se tornou uma balela, substituído por acordos prévios entre os grupos, que antes eram apelidadas de “voto de cabresto” dentro dos “currais eleitorais”. E os governadores são eleitos parar gerirem os interesses dessas cúpulas e se não se dobrarem os novos coronéis, terá muitas dificuldades em governar.
Mas quando chegamos ao parlamento nacional (Câmara de Deputados e Senado) o ambiente desse espaço de representação, é depressivo. A queda de qualidade dos deputados e senadores, espantosa a partir de 2013, transformou-se a Câmara de Deputados, num picadeiro sombrio, com as pessoas, aquelas que tem a paciência de ver a TV Câmara, tendo a oportunidade de ver como uma civilização regride. Pessoas desqualificadas moralmente, sem nenhuma preocupação com o país e sim com seu “curral estadual” deformaram a representação parlamentar e temos, agora, depois do sequestro do Orçamento, a municipalização da administração federal e os deputados e deputadas, aqueles situados principalmente na direita e extrema-direita, conseguiram pelo “voto democrático” destruir o princípio federativo e as palhaçadas, modus operandis dessa turba, define muito bem o que é o parlamento hoje.
E ontem, naquele espetáculo grotesco, proporcionado pelos deputados e senadores dessa horda, tratando uma influencer, ligada aos jogos online, como uma pop star. Gritinhos, elogios rasgados, self e tudo de asqueroso que se possa parecer, ocorreu ontem. Foi mais uma daquelas cenas patéticas, já comuns nesse ambiente contaminado pela burrice e ignorância militante, tornados belos nessa sociedade que regride a olhos vistos.
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