Evandro Borges

20/05/2022 08h41

 

Uma boa conversa com Nevinha, Moema e Bruna

 

Na terça-feira passada, dia 17 de maio de 2022, na primeira edição do Jornal Potiguar Notícias, programa ao vivo com uma transmissão de uma generosa rede de rádios e emissoras parceiras cobrindo o Estado do Rio Grande do Norte estava na apresentação do programa, rede construída e deixada pelo saudoso jornalista Pinto Júnior,  mantida por Irandir Pinto em uma luta titânica, possibilitou a entrevista com Maria das Neves Valetim, Moema Hofstaetter e Bruna Surianne, as duas primeiras da articulação do Fórum das Mudanças Climáticas  e Justiça Socioambiental e a terceira da Cáritas Regional II da Igreja Católica.
 
Nevinha, professora e formada em História pela UFRN, foi liderança sindical do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte, está aposentada e na articulação do fórum em Natal/RN que é composto por movimentos sociais, pastorais e pesquisadoras, que é o caso de Moema doutora em Turismo e Desenvolvimento Regional com ênfase em territórios. Bruna entrou direto de Recife “on line”, é jornalista formada pela Uninassau e da organização Caritas fundada na década de cinquenta do século passado por Dom Helder Câmara, recebendo recursos da “Misereor uma obra episcopal da Igreja Católica da Alemanha para o desenvolvimento”.
 
Nos dias 10 de 12 de maio fluente promoveram no Centro de Convivência do Campus Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, um evento e fechamento de um ciclo iniciado em Alagoas, perpassado por Pernambuco e Paraíba, de amostra fotográfica estampando os impactos ambientais e os condicionantes sociais, econômicos e humanos da instalação dos parques eólicos, principalmente para com a agricultura familiar e comunidades pesqueiras, realizando também um exitoso diálogo com os participantes no evento.
 
Os parques de energia eólica são consideradas um passo à frente da matriz energética brasileira, de hidroelétricas que causaram problemas ambientais, e o espelho d’água causaram óbices ao trato humano, desalojando pessoas das suas casas, comunidades e até cidades sucumbiram, cortando as identidades e os laços, causando vítimas por toda parte. Um exemplo aqui no Estado foi a construção da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves na Região do Rio Açú, maior reservatório d’água do Estado que fez a cidade original de São Rafael sucumbir na imensidão das águas.
 
A energia limpa e entre elas a energia eólica no atual estágio da jornada humana na terra deve ser exaltada, principalmente em relação aos combustíveis fosseis (petróleo seus derivados e carvão) em face dos problemas ambientais que causam, sendo um exemplo recente o crime ambiental contra as praias do Nordeste brasileiro, em razão do transporte inadequado e sem escrúpulos, ainda não desvendado em pleno século XXI da era tecnológica e com tantos satélites artificiais em orbita.
 
É bom ressaltar que os investimentos dos parques de energia eólicas são de alta envergadura, e desde o Governo da saudosa Professora Wilma de Faria, com a Secretaria Extraordinária de Energia, com a participação efetiva da personalidade do Senador Jean-Paul Prates conseguiu um diferencial para o Rio Grande do Norte, aproveitando o potencial dos ventos possibilitados pela natureza, colocando o Estado como primeiro produtor de energia eólica do país e na instalação dos mesmos criando empregos e oportunidades.
 
Por outro lado a exposição fotográfica e a forte argumentação das instituições sociais, da Cáritas e da articulação do Fórum das Mudanças Climáticas, Justiça Socioambiental, o desenvolvimento precisa considerar a dignidade humana, também é muito forte, com o tema “Para quem sopra os Ventos?”, deve ser considerado, pois a sustentabilidade do desenvolvimento está na ordem do dia, pois, o desenvolvimento deve ser para todos, e não somente, para uma parcela da população, beneficiando somente grandes empresas energéticas.
 
Os contratos de arrendamento das terras devem ser bem observadas, não permitindo cláusulas leoninas, em detrimento das populações das comunidades rurais, formadas pelo segmento da agricultura familiar, devendo ser celebradas com transparência, e distribuída cópias aos celebrantes, algo que não está sendo respeitado, para não permitir óbices e danos ao patrimônio de pessoas nas vulnerabilidades em decorrência das problemáticas econômicas e sociais.
 
Ainda deve ser deixado bem claro, quais são as compensações ambientais, para as pessoas físicas envolvidas diretamente e as comunidades. Reforma de salas de Escolas Municipais, de pequena monta nas raias das migalhas em face dos lucros astronômicos que podem ser atingidos, verdadeiramente, não podem ser considerados compensações. Os Poderes Públicos dos Municípios devem ficar muito atento para esta situação.
 
Fixar uma torre de energia eólica a dez metros de uma residência rural é desumano e indigno, não podendo continuar este estado de coisas que viola o meio ambiente, causando problemas de saúde e ferindo a dignidade humana. Desenvolvimento com energia limpa deve continuar, mas, com dignidade humana, mantendo as comunidades produtivas, principalmente na produção de alimentos que chegam à mesa da família brasileira.
 
O diálogo com Nevinha, Moema e Bruna, de gerações distintas, habilitações profissionais diversas, depreendidas, mulheres destemidas, tentando a organização das populações em vulnerabilidade econômica e social em um contexto de neoliberalismo exacerbado, que não cuida da pessoa humana, foi profícuo e nos chama atenção, para evitar as injustiças sociais que perduram historicamente em toda a República. 

 

 

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