Evandro Borges

04/12/2020 00h03
 
A eleição de São Paulo
 
A eleição de São Paulo, a maior cidade brasileira, com  concentração urbana do país inigualável, estando ricos e pobres, empresários e trabalhadores, multicultural com atração populacional interna e externa, bairros de presença nordestina, de população de origem asiática, e de tantas outras raízes, uma verdadeira unidade de contrários em consonância com a dialética, eminentemente plural, uma babel.
 
No processo eleitoral de alternância de poder, ora a direita ganha às eleições, ora a esquerda, em outros momentos as posições de centro são vitoriosas, e assim pela cadeira de Prefeito podem ser ressaltados as personalidades mais emblemáticas, tais como: Jânio Quadros, Erundina, Celso Pita expressão do “malufismo”, Marta Suplici, Fernando Haddad, João Doria e agora a eleição de Bruno Covas.
 
A eleição de São Paulo chama atenção pela força econômica da cidade, pela concentração de eleitores, pela polarização de projetos, pela referência para decidir eleições futuras, pelo arranjo partidário de coligações, pela visibilidade que ganham os gestores e incluindo Secretários com potencial de serem Ministros, ou de Secretários com nomes consagrados, como foi o caso de Paulo Freire, o patrono da educação brasileira, que inspirado na experiência escreveu mais livro de sua extensa obra intitulado Pedagogia da Autonomia.
 
Deste modo, os números eleitorais, os debates, as propostas, a forma de fazer a campanha, o ato de cumprimento dos derrotados aos vencedores das eleições, o papel que será cumprido até o próximo embate eleitoral, passa a ser uma referência política, e muitas interpretações constrói um cenário de discussão e parâmetro para as estratégias eleitorais e de conquista do poder político dos entes federados da República.
 
Em primeiro lugar, o candidato Guilherme Boulos do PSOL e coligados com partidos de esquerda no segundo turno recebeu quarenta por cento (40%) dos votos válidos, um número significativo e grandioso, para quem era oposição, vinculados aos movimentos sociais, capitaneado pelos sem tetos, que devem ser uma verdadeira avalanche de pessoas, que querem se incluir, não corresponde assim a um cheque em branco aos vitoriosos da eleição, mas, despertará aos ganhadores para redobrar toda uma atenção para políticas de proteção social, de diminuição das agudas diferenças do tecido social e da melhoria da qualidade de vida.
 
As questões de infraestrutura urbana, como moradia decente e digna, mobilidade com os modais possíveis, saneamento em todas as dimensões, educação básica, profissional e das novas tecnologias, saúde pública, assistência social, e econômica dentro dos limites municipais, gerando oportunidades, culturais e consideradas de identidade precisam ser aberto os espaços necessários.
 
Por outro lado a eleição de Bruno Covas fortalece João Doria, mas, não significa um passeio para o mesmo, corresponde que vai ouvir mais o PSDB histórico, trouxe consigo uma coligação com o MDB, com o Vice-Prefeito eleito, e outros importantes segmentos políticos como o Partido Verde e mesmo a personalidade controvertida de Marta Suplici.
O rastilho de posições moderadas para o atual momento político formado pelo PSDB, DEM, MDB e outras agremiações vai tentar assumir o centrismo e a moderação, podendo construir um polo aglutinador para fazer frente ao atual “status quo politico nacional”, dando as referências políticas, para um posicionamento em todo o Brasil com repercussões nas próximas eleições.
 
Neste contexto São Paulo deu esta condição, mostrando a esquerda que precisa estar enraizada nas aspirações populares e nos movimentos orgânicos e sociais, com a possibilidade de construção de frentes sem privilegiar hegemonias e a direita a necessidade de revisar políticas que sejam inclusivas e que se respeite a multicultura brasileira e de todas as suas origens históricas.
 

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