Evandro Borges

17/07/2020 08h37
 
Os dados do analfabetismo
 
Esta semana a Fundação IBGE divulgou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) que vem estarrecendo a opinião pública, no caso do Rio Grande do Norte o número de analfabetos atinge um número de trezentos e setenta e duas mil pessoas, sendo que cento e oitenta e quatro mil estão na faixa etária a partir de sessenta anos, mas há outros dados preocupantes em relação à faixa de adolescentes nesta condição, a partir de quinze anos.
 
O analfabetismo em qualquer análise revela uma situação de exclusão social, pela falta de acesso a educação, de ausência de relação empregatícia formal, e umas tantas outras dificuldades, tais como: renda familiar, condições de moradia, subnutrição, ausência de água com potabilidade, esgotamento sanitário, coleta de lixo, com mazelas de doenças infectocontagiosas.
 
Os dados do Estado em relação à qualidade de vida diante do quadro de analfabetismo explica a situação de exclusão social, de tanta violência com índices de homicídios alarmantes, doenças como dengue que não se consegue vencer, prática de entorpecentes, drogas ilícitas e facções criminosas, um verdadeiro contexto completamente distante da dignidade humana, postulado como princípio da República, posto na Constituição.
 
A pesquisa permite análises de todos os tipos, para o Estado do Rio Grande do Norte que foi pioneiro em campanhas de alfabetização e letramento, a situação poderia ser um pouco melhor, pois em Natal no histórico governo de Djalma Maranhão ocorreu à campanha de “Pé no chão se apreende a ler”, a Igreja Católica implantou um programa de alfabetização radiofônica e o Estado executou no início da década de sessenta do século passado a experiência de Angicos com a presença de Paulo Freire, o patrono da educação brasileira.
 
Em relação aos idosos o Estado do Rio Grande do Norte fica abaixo apenas de Pernambuco na Região Nordeste, em um percentual menor que um por cento, ensejando uma reflexão para uma nova campanha arrojada com a participação das instituições da sociedade, com militância da cidadania, aproveitando a iniciativa do Governo Fátima, que desde o primeiro ano de governo lançou uma campanha. 
 
É bom registrar que no final do Governo Dilma foi editada o novo Plano Nacional de Educação com uma proposta audaciosa de acabar com o analfabetismo no prazo de dez anos, e o Ministério da Educação lançou diversas plataformas, cabendo à continuidade da ação, porque na contemporaneidade do mundo informatizado não se permite lugar para tamanha chaga social.
 
No momento que se fala tanto de solidariedade provocada pela pandemia do coronavírus, com tantas iniciativas exemplares, que se aponta que após a pandemia, o mundo será melhor pelas lições apreendidas, o combate ao analfabetismo deve ser incluído no cenário das ações, haja vista, que mundo desenvolvido não permite pessoas que não saibam ler, escrever e operar as quatro operações matemáticas.
 

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