Valério Mesquita

28/06/2018 14h26

O ano da graça de 2018 está na metade. No ar, esperanças, perspectivas, novas manhãs de ressurreição e fadigas de longas e crepusculares esperas. Renova-se o tempo, desta vez mais frio e sem fartura de inverno. Com relação a Macaíba, quais as novidades, além dos políticos de carreira? Em cada esquina um líder, em cada rua um partido e todos se alvoroçando porque 2018 é ano de eleição. Ninguém presta atenção ao Jundiaí decomposto e sujo, morrendo de inanição na rasura dos dejetos. “O Ibama só atua em Natal”, disse-me um vereador do alto de sua prosopopéia. “Não aparece nenhum fiscal fuleiro”, completou amargo e verde como se tivesse bebido a água poluída.

Passados os dias enganosos da copa do mundo, tá na hora de cobrar o preço da fatura. De lembrar aquilo que nos devem. Cadê a restauração do Empório dos Guarapes, gemido sufocado da história econômica do Rio Grande do Norte, sepultado no alto de uma colina. Fabrício Pedroza, fundador de Macaíba, que doou terras para construírem a igreja e o cemitério e que no governo imperial a transformou no eldorado do comércio e da indústria extrativista que superou Natal - hoje jaz esquecido, apunhalado pelo esquecimento oficial. Que a prefeitura e Gelson Lima sustentem a corrida da iluminação do canteiro central da Br-304, entre Parnamirim e Macaíba, de trevo à trevo, iluminando as fábricas e os operários contra as sombras do assalto e da insegurança. Desde 2001 que eu peço e só agora o DNIT ouviu o clamor.

Por que ninguém se lembra do vazio, e do vácuo do Hospital Alfredo Mesquita, desabitado de médicos profissionais, de equipamentos e leitos, ao ponto de ser acoimado como “hospital dos mártires”? Antes, era uma unidade de saúde regional e hoje nem municipal o é. E em Macaíba, qual o lugar, o bairro, a rua onde se vive sem violência ou sem droga? Mataram Cosme e Damião. Não os santos. Mas, os dois policiais das avenidas e praças. E nem motos e nem veículos trafegam mais porque o pânico, o medo e a diarréia sucumbiram ante o domínio da marginalidade dos capetas que manipulam as estatísticas criminais.

Diante de todo esse quadro trágico e parafernálico ainda vale dizer que um sonho a mais não faz mal, no entardecer de um novo ano? Acho que sim. É preciso que o governador  do Estado assuma Macaíba, como no passado o fizeram os outros governadores. O município tem importância histórica, cultural, além de significativa expressão comercial e industrial. A prefeitura já faz a sua parte, conseguindo recursos disponibilizados pelos parlamentares junto aos políticos interesseiros como nunca se viu antes, Isto porque o município brasileiro somente agora, se tornou prioridade no governo por que vai ter eleição. O governador já cumpriu quase quatro anos que o povo lhe outorgou. Nos meses que ainda lhe faltam, um sonho a mais, para que estas e outras coisas venham a acontecer - não faz mal. Nenhum mal. Gelson Lima não deixe cair as duas bandeiras que ergui nas mãos: a iluminação do trevo de Macaíba/Parnamirim e a restauração dos Guarapes. E cuidado com as ciladas e puxadas de tapete dos políticos, “porque não há mal que sempre dura nem bem que nunca acaba”. Jamais deveremos deixar de preservar a perene novidade da memória histórica de nossa terra. Na política o homem ofende por medo ou por ódio.
 


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