Valério Mesquita

14/08/2015 14h44
01) O ex-vereador Antônio Almeida Sobrinho é inegavelmente homem inteligente e/ou sabido. Apesar do nível superior, não conseguiu afastar de si o chamado vício de linguagem. Aluizista de quatro costados, onde tivesse uma bandeira verde, lá estava o Almeidinha. Certa vez, muito empolgado diante de Henrique e Garibaldi, Almeida Sobrinho soltava o verbo: “”Garibaldo” tá “fazeno”, “Garibaldo” tá “costurano” e dano o nó!”. Garibaldi chamou o locutor do palanque e emendou sem sair do tom: “Será que ele já está “terminano”?”. Mossoró é terra de muitos sotaques.
 
02) No tempo em que Tibau era praia (hoje virou cidade), o doutor  José Holanda, de Mossoró, consultava no alpendre o “velho lobo do mar” João de Chagas. “O que o senhor tem?”, perguntou o médico. “Doutor, eu tenho uma dor vinda dos gorgomilos do peito e responde na cruz entre uma pá e outra”. “E o que tem mais?”, indagou o médico. “Fora isso”, continuou João das Chagas, “tenho uma rural 68 e Chica Coco, uma quenga lá de Macau. Mas só vou lá por quinzena”. Para o doutor foi mais difícil achar o diagnostico do que a rapariga de João das Chagas.
 
03) Em São Paulo, o advogado João Hélder Cavalcante dialogava com a sua esposa Lígia Godói, que faz mestrado na Paulicéia, sobre determinado assunto jurídico que pelejava no fórum. Diógenes da Cunha Lima, amigo do casal, testemunhava a discussão: “Mas João, você não pode fazer isso com aquela mulher. Ela é perigosa”, exclamou aflita a esposa temendo alguma represália. Aí veio a resposta socrática, positivista e por que não dizer poética do renomado causídico: “E qual é a mulher que não é perigosa?”.
 
04) O ex-deputado Valmir Targino tinha uma pequena propriedade nos confins da zona norte em Natal. Os amigos do alheio começaram a surrupiar material. Informado do que acontecia, o deputado deixou uma pessoa de atalaia para o flagrante. Uma tarde, finalmente, aconteceu. O sujeito carregava muitas telhas numa carroça. Incontinenti, Valmir chegou ao local, com dois rapazes, numa camionete. O larápio, junto com um ajudante, foram levados à delegacia. O deputado foi logo informado. “Prenda esses dois e eu quero tudo meu de volta”. O agente, que cochilava numa cadeira com os pés sobre o birô, sequer abriu os olhos e falou: “Olha, o delegado não está. Aguarde aí”. “O quê?”, esbravejou o deputado. “Eu quero isso agora!”. E metendo a mão no bolso, puxou uma carteira. Os rapazes não viram o que era. Esfregou no nariz do servidor dorminhoco que, num pulo de gato gritou para os seus pares: “Cuida, cuida. Metam esses malandros no xadrez! Depressa que o doutor não pode esperar”. Vitoriava, mais uma vez, a tática targiniana do velho oeste onde nasceu.
 
05) Uma comissão da Câmara Municipal deslocava-se para a capital. No grupo, o irreverente Expedito Bolão e mais seis edis em ônibus da viação Nordeste. Expedito, aproveitando o conforto do carro-leito, ensaiou uma soneca. O sono chegou pesado e o vereador, além de ressonar alto, encostou-se no ombro de um passageiro comum, da rota Fortaleza/Natal. O incomodo era evidente. Outro viajante, que lia um jornal, interrompeu a leitura acordando Expedito: “Amigo, o ronco alto incomoda o próximo, palavra de Victor Hugo”. Expedito Bolão retrucou: “Vá pra p. q. p., palavra de Luís de Camões”. Virou a cabeça para o outro lado e continuou a emitir o som cavernoso das profundezas nasofaríngicas.
 

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