Eliade Pimentel

25/07/2022 11h57

 

Cuidado: o custo da hospitalidade pode sair do seu próprio bolso
 
 
Aprendi no curso de Guia de Turismo, que fiz no IFRN Cidade Alta, acerca do valor agregado da hospitalidade. Esse termo, dito de forma aleatória, geralmente nos leva a pensar sobre o serviço de hospedagem propriamente dito. Sendo que, como diz a mestre (ou melhor, doutora), minha amada e para sempre professora, Juliana Vieira: “tudo é hospitalidade”. 
 
Como foi o caso do café sem açúcar e com canela que a querida funcionária do órgão em que eu trabalho me serviu, no meio de uma reunião. Fiquei emocionada quando provei e senti o sabor do jeito que eu gosto. Entre as xícaras com e sem açúcar, havia uma terceira opção entregue a mim, totalmente personalizada. Eu logo percebi e gritei: valeu, Isabel! Ela saiu com um sorrisão no rosto. Isso é hospitalidade. E não custou nada a ela, a não ser o cuidado em si. 
 
Ainda sobre a canela, tenho inúmeras situações em que fui atendida de prontidão por conta desse meu hábito. No hotel Meliá em Brasília (DF), a moça do café da manhã foi à cozinha e trouxe a especiaria num pires; na padaria Seridó, em Caicó (RN), situação semelhante. E no antigo Nalva Café, na Ribeira, em Natal (RN), o potinho de canela estava sempre disposto na bandeja, em vez do usual adoçante ou açúcar. Isso tudo é hospitalidade. Ninguém nunca jamais me cobrou adicional por isso.     
Lembro que, para exemplificar o amplo conceito de hospitalidade, Jules (sim, nós a tratamos com intimidade) falou do copo de mate com limão com duas ou três gotas de adoçante que a manicure separava antes de adoçar o restante, no dia em que ela marcava de ir ao local para fazer as unhas. Isso é hospitalidade e não lhe custava nada além do serviço. Pelo que entendo do assunto, a bebida comumente ofertada pelo estabelecimento já vem inclusa no custo geral do salão. 
 
Eu tenho inúmeros casos de hospitalidade, de serviço personalizado, de situações em que fui surpreendida por uma ou outra delicadeza. Todas as vezes em que me hospedo no hotel Thermas, em Mossoró (RN), por exemplo, sempre sou muito bem tratada. Na primeira vez, a senhora do balcão de comidinhas quentes (ovos, omeletes, tapiocas) fez uma tapioca “margherita”, com queijo, tomates frescos, manjericão e um fio de azeite. Não estava no seu “mise em place”, e eu dei a dica para ela pegar um galhinho da erva fresca na cozinha.
 
Deu muito certo e funcionária ganhou um baita elogio via e-mail. A gerência me passou a gratidão daquela colaboradora, tão atenta aos detalhes, por tomar conhecimento de minha satisfação. Mais recentemente, em nova administração, levei meu notebook para escrever uma matéria no salão do restaurante. Passei boa parte da tarde à base de café e água com gás, a qual uma das atendentes (na época até anotei o nome, mas me perdi do meu papelzinho) repôs gelo e sumo de limão. Sem nada adicional por isso. Sem falar no bar da piscina, que eu também recebi tratamentos personalizados, além de um bom papo. 
 
Ando muito por aí. Na cidade de Baía Formosa (RN), onde tenho casa, o Bar do Cocota – que fica à beira-mar - nos atende de modo diferenciado desde as primeiras vezes. Eu sentava com minha filha - ainda criança - e quantas e quantas vezes recebia cumbuca de feijão por conta da casa, para alimentar a garota. A batata frita sempre vem com um molho extra, para atender especificidades de Alice. E tantas outras coisas, as quais me fazem voltar lá sempre que vou a BF. 
 
No entanto, para uns estabelecimentos, nem tudo é hospitalidade. Sabe aquele limão que geralmente vem acompanhando a água com gás ou do refrigerante? Tenha cuidado. Sempre pergunte se é cortesia da casa ou se vão cobrar, pois um colega jornalista foi surpreendido no restaurante Potiguares, situado na capital potiguar, com a cobrança de quatro reais pelo sumo do limão que acompanhou a água com gás. Misericórdia. 
 
A crise pegou geral, sabemos disso, mas o fato beira ao mau-caratismo. O famoso se colar, colou. Eu não irei a esse lugar, jamais. E não o recomendaria. Imagine a gente pedindo limão para a salada, para o caldo, para o peixe. Com quantos quatro reais a mais seríamos surpreendidos? Na verdade, se não consta no cardápio o custo do sumo de limão, não deveria ser cobrado na conta. Simples assim. 
 
 
 

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