Wellington Duarte

18/06/2022 00h00

 

BraZil: procura-se um governo

 

O país precisa de um governo. Precisa urgentemente de um presidente da república. Precisa urgentemente de um ministério. Não temos governo e digo isso com toda tranquilidade. Qualquer pessoa com o mínimo de inteligência não pode dizer que o que temos, desde 1° de janeiro de 2019, é um governo.

Para corroborar com o que eu disse acima, me digam qual é a política econômica do governo Bolsonaro? Qual foi a ação, no campo da economia, nesses quase quatro anos, além de desmontar todos os programas sociais, que davam, inclusive, suporte econômico às pequenas prefeituras.

O “programa econômico” do governo, via “orçamento secreto”, repete as mesmas práticas que existiam na República Velha: entregar equipamentos públicos para os prefeitos fazerem seu proselitismo político.  Não é um programa econômico, que deveria buscar articular o desenvolvimento das diferentes regiões do país, compensando seus desequilíbrios. Guedes nunca assistiu uma aulinha básica de Economia Regional ou de Desenvolvimento Regional. Ele, na sua visão mequetrefe, saída dos velhos e carcomidos manuais de Economia, viu o país como um balcão de negócios, que precisa ser renovado para poder vender melhor. Vender para quem? Para quem quiser e tiver dinheiro. O BraZil foi relegado a uma mercadoria. Perdeu a importância como nação.

Nas outras áreas o desastre foi completo. Na Educação está destruindo a rede federal de ensino; basicamente acabou com a área de ciência e tecnologia; esculhambou o Enem; e vem introduzindo, dentro do ensino fundamental, o fundamentalismo religioso. Na Saúde, estrangulou o SUS e flerta, desde o primeiro dia de sua investidura, no seu desmonte, para substituir por uma “medicina de mercado”; no meio ambiente, a devastação é total e o que as nações indígenas e a Amazônia, sofreram com esse governo, merece destaque. No campo dos Direitos Humanos, temos uma fundamentalista tresloucada, que nos tornou um pária internacional nesse campo; na Justiça um policial acoloiado com a família do presidente, transformou a PF e a PRF em duas corporações desacreditadas.

Esse governo, que nunca enfrentou o fato de ser governo, é responsável direto pela tragédia que se abateu sobre mais de 665 mil pessoas, que tombaram devido à sabotagem que o presidente da república, e sua laia, fizeram no combate à COVID-19. E nem sequer me refiro aos sequelados, que terão de ser ressarcidos pela União, posto que foi o desprezo pela vida humana, que fez com o presidente da república, em determinados momentos, debochasse da tragédia que se abatera sobre os braZileiros.

Um governo que não governa, é aquele que acanalha as instituições republicanas; que chafurda dia e noite, fazendo campanha eleitoral antecipada e, nelas, da chilique e ameaça o próprio processo eleitoral.

Alguém viu Bolsonaro ir a um hospital visitar doentes durante a pandemia inteira? Alguém viu Bolsonaro ir às vítimas das enchentes, ao invés de passear de helicóptero sobre as regiões atingidas? Alguém ouviu sair da boca podre do presidente, alguma solidariedade com os milhares de famélicos que, graças ao seu catastrófico governo, deambulam pelas ruas?

Evidentemente que os bolsonaristas fascistas podem dizer que ele veio “para acabar com isso daí” e que sua postura anti civilização é fruto de sua “luta contra o comunismo”, mais um dos seus delírios. Esse povo adora ver Bolsonaro expondo sua ignorância. Adoram ver um presidente da república chafurdento. Adoram ver um presidente corrupto até a medula, que favorece seus filhos e amigos e que transformou o Palácio do Planalto no palácio das negociatas.

Resta saber se em outubro a razão e a civilização terão forças para derrotar esse “pensamento”. Será que poderemos pensar novamente em debater propostas que tenham como foco desenvolver essa nação? Será que voltaremos a ver um governo que olhe para os pobres e lhe dê esperança? Será que teremos governo em 2023.

 

 

 


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