Liliana Borges

28/05/2022 00h00

 

PALÁCIO NACIONAL DE BELÉM, Museu da Presidência…
 
 
Em uma Visita de Estudo com meus alunos da disciplina de Turismo da Universidade Sénior do Montijo, e mais dois amigos brasileiros que aqui estavam fomos ao Museu da Presidência da República no Palácio Nacional de Belém em que tivemos a honra de sermos guiados atenciosamente pelo Senhor Miguel Veloso, quem compartilhou seus preciosos conhecimentos.
 
Logo que saímos do Comboio seguimos até a mais tradicional Fábrica de Pasteis de Belém fundada em 1837 para saborear esta iguaria que possui a receita original em segredo. O “Pastel de Belém” foi eleito uma das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal em 2011, como também, foi considerado uma das 50 mais saborosas iguarias do mundo pelo jornal “The Guardian”.
 
O Palácio está situado na Praça Afonso de Albuquerque, um belo prédio cor de rosa classificado como imóvel de interesse publico em 1967 e como Monumento Nacional em 2007. O Museu da Presidência está voltado à cidadania, relacionando-a à atividade da presidência, inaugurado em 2004 por iniciativa do Presidente da República Jorge Sampaio de criar um espaço em que a sociedade civil pudesse ir a este órgão de soberania e contactar o que é ser Presidente da República.
 
O primeiro proprietário foi D. Manuel de Portugal e o primeiro palácio foi construído no século XVII que se manteve na família até 1726 na altura que o Rei D. João V comprou a propriedade e outras quintas a sua volta, passando a ser morada para temporadas da família real, como também, alguns soberanos residiram na localidade a exemplo de D. Maria II que foi princesa brasileira e rainha portuguesa. 
 
Mais adiante com a implantação da república foi escolhido como residência oficial do presidente, os que optavam por lá residir pagavam uma renda mensal que inicialmente eram 100 Escudos e somente revogada em 1928. Entretanto os presidentes não são obrigados a lá residir, se preferir mantem sua residência privada, sendo apenas como local de trabalho e utilizado para cerimônias e audiências oficiais.
 
O Palácio de Belém está ligado a História da República, onde foi realizado o último jantar da monarquia, na ocasião o Presidente do Brasil o General Hermes da Fonseca, lá estava instalado, ofereceu na noite de 03 de outubro de 1910 ao Rei D. Manuel II um jantar em retribuição ao jantar da véspera no Palácio da Ajuda. 
 
Vital Fontes quem foi Mordomo da Casa Real ao longo de 60 anos testemunhou este episódio entre muitos outros da vida de reis e presidentes que por lá passaram publicou suas memórias, o qual descreve o ocorrido detalhadamente: “… raros comiam e tudo parecia esperar qualquer coisa de fora, ainda que a presença do Marechal, Presidente do Brasil, fosse a garantia que aqui no Palácio nada aconteceria…os pratos chocavam-se, os talheres tilintavam o que nunca aconteciam nos banquetes do Paço…” 
 
Próximo ao Palácio no Rio Tejo havia um navio fundeado que disparou três tiros de canhão exatamente uma hora da madrugada em 4 de outubro de 1910, pois a Marinha tinha se aliado ao movimento republicano e fora o sinal para o início da revolução, momento considerado por muitos a hora zero da república, porém o registro ocorreu na manhã de 5 de outubro.
 
Visitar o Palácio é uma verdadeira viagem no tempo na História da República desde a Bandeira Portuguesa que foi criada através de uma comissão presidida por Bordalo Pinheiro, figura mais importante da pintura portuguesa do final do século XIX e início do século XX. A escolha de suas cores foi em decorrência a primeira tentativa de república no Porto em 1891 que mostrou uma bandeira verde e encarnada ficando associada ao movimento republicano.
 
O Hino Nacional composto por Alfredo Keil autor da música e Henrique Lopes de Mendonça da letra, houve grande influência do Hino Francês “La Marseillaise”. Curiosamente é possível cantar a letra da portuguesa na letra francesa e vice-versa porque a métrica musical é exatamente a mesma. 
 
Suntuosa galeria de “Presentes de Estado” recebidos pelos presidentes portugueses em visita a diversos países, os quais foram ofertados por Chefes de Estado criados e decorados com suas particularidades e características, pincelados com sua história, cultura, economia em riqueza de detalhes registrados nas peças, todas são verdadeiras obras de arte representando cada nação, algumas recheadas em ouro, prata e pedras preciosas. 
 
E, ainda, neste acervo nos deparamos entre os presentes alguns de Presidentes do Brasil, a exemplo o oferecido por Juscelino Kubitschek ao Presidente Craveiro Lopes em 1957, uma bela obra em uma carapaça de tartaruga, Comendas do Estado do Amazonas de autoria do artista Branco e Silva onde representa ao centro as Armas do Brasil, Armas da Amazônia, vistas de Manaus, referência as lendas a volta da Floresta Amazônica. É um objeto cultural lindíssimo, simplesmente emociona!
 
 A galeria dos retratos dos presidentes por renomados pintores retratando perfeitamente traços e fatos de suas particularidades e que marcaram seu respectivo mandato, destaca-se o Presidente Mário Soares uma inovação da presidência da república não somente pela sua personalidade, como também, pelo artista que escolheu, Júlio Pomar, um modernista que configurou uma grande renovação na galeria. Provavelmente foi o que desejou simbolizar as mudanças no cenário político na altura como o primeiro presidente civil democrata…
 
Ainda não se conhece o retrato do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, pois a tradição é afixar somente após o encerramento do mandato. Cabe ressaltar que o Presidente da República português é o Chefe de Estado, mas não tem o poder executivo e sim outra forma de exercer sua influência com o poder da moderação, do equilíbrio, da negociação, da palavra que garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas, além de ser o Comandante Supremo das Forças Armadas. 
 
E ao final conhecemos a exposição das condecorações que no país podem ser condecorados qualquer cidadão nacional ou estrangeiro, independentemente da idade, como também, qualquer instituição pública nacional ou estrangeira.
 
Lugar extraordinário, espetacular, vale muito conhecer… 
 
 
Confira o vídeo sobre o assunto no meu canal no YouTube: LILIANA BORGES EM PORTUGAL
https://youtu.be/H9h8JOUepnY

 


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