Wellington Duarte

16/04/2022 08h00

 

Certamente Bolsonaro e, acredito, nenhum que o defende ardorosamente, é liberal ou sequer chega perto disso. Ele, eleito presidente da República, desconhece totalmente o artigo 1° da Constituição Federal, que fala claramente em ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, ou seja, está cravada na nossa Constituição que o Executivo não é um poder acima dos outros e o presidente da República não faz o que quer e bem entende.

O fato de que o presidente da república tentou estabelecer “segredo de estado” sobre os encontros, que não foram poucos, entre ele e os pastores que tornaram o MEC um grotesco balcão de negócios, sem ter qualquer cargo, sob a ridícula alegação de que colocaria em risco a vida do presidente, mostra o quanto Bolsonaro e seus asseclas desprezam essa concepção LIBERAL.

Bolsonaro atenta contra a Constituição a todo instante, inclusive quando ressalvou inúmeras vezes sobre um tal “estado cristão”, coisa que não existe já que na letra da lei. O BraZil é um país laico e, sob o olhar cúmplice da Procuradoria Geral da República (PGR), tem descumprido o artigo 37 dessa mesma Constituição, que trata dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Temos visto, nestes últimos 3 anos e meio, uma completa subversão dos valores democráticos liberais e, nesse caso, a subversão é escandalosa já que, sobre os princípios constitucionais transparência é a regra, e o sigilo, a exceção.

Na realidade ninguém deve se surpreender com o que poderá acontecer nos próximos meses, visto que está se consolidando uma tendência (tendência!) de que ele será derrotado nas urnas e que, olhando seus movimentos, não aceitará o resultado. Sua horda já se movimenta nas redes e estão cada vez mais agressivas, incluindo ameaças literais de morte, feita por representantes do povo.

E, como sempre, o governo voltou atrás, como de praxe, no velho estilo do “se colar, colou” e se pode ver que os pastores visitaram a toca do Mandrião 35 vezes, durante seu mandato, o que não deixa de ser estranho, e revela o quanto o presidente está comprometido com as atividades obscuras vivenciadas no MEC. A desonestidade é a marca desse governo e a pilantragem é a forma de como essa desonestidade se apresenta no dia a dia.

As revelações, quase diárias, de como o estado brasileiro está sequestrado pela família Bolsonaro, algo inédito na nossa história republicana, pelo menos a nível de governo central, não deveriam mais espantar ninguém, afinal a vida pregressa do presidente revela claramente o quanto ele é destoante do sistema republicano, bastando ver seus discursos (sic) na Câmara de Deputados; suas declarações, marcadamente reacionárias; e a forma como conduz os negócios de estado e governo.

O que não deixa de ser escandaloso é que uma boa parcela da sociedade, alimentada, é verdade, pelo “gabinete do ódio”, que opera 24 horas por dia; pela grande quantidade de pastores evangélicos, comprometidos em tornar o país um estado cristão fundamentalista; por um segmento empresarial, comprometido com o fascismo bolsonarista; e pela própria crise, que joga milhões de brasileiros na miséria e que os tornam frágeis aos discursos falaciosos da extrema-direita. Bolsonaro, segundo as pesquisas, detém 30% do eleitorado e isso não é pouco.

É claro que nos próximos dias, semanas e meses, viveremos nesse pesadelo bolsonarista e, em termos locais, a máquina de mentiras e ódio, hoje com vasto recurso orçamentário da União, tentará desestabilizar o quadro eleitoral local. A mentira e a canalhice política, marca indelével dessa caterva, continuará a assombrar o Estado Democrático de Direito e o que se espera é que a partir de 1° de janeiro de 2023, esse país volte a ser esse estado mais uma vez.


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