Evandro Borges

04/03/2022 09h29

 

Algumas questões da educação do Rio Grande do Norte

Os índices de desenvolvimento da educação pública das modalidades do ensino fundamental e básica no Estado do Rio Grande do Norte parecem ser crônicas e em decorrência de longos anos de História do próprio desenvolvimento com um forte bolsão de vulnerabilidades. Desde o analfabetismo, em que pese importantes campanhas de reconhecimento nacional que aconteceram no Estado, mas, os índices de aproveitamento escolar não é nada satisfatório, embora se reconheça alguns diferenciais.

Nos rincões de vulnerabilidade acentuada enviar os filhos para escola era garantir uma refeição, que não significa nenhuma surpresa, pois este programa transversal da alimentação escolar tem mesmo o propósito de assegurar a refeição aos estudantes alinhados com a frequência na escola, e com a tentativa de garantir um mínimo de aprendizagem na sala de aula.

Nestes tempos de avanços tecnológicos e novos saberes para a formação do indivíduo, preparando para o mundo do trabalho e para a cidadania, este pequeno aprendizado não é o suficiente para um projeto nacional maior de desenvolvimento com inclusão social. Precisa de tempo integral, aulas de reforço, conhecimento que ultrapasse decifrar a língua materna e aprender a contar.

A melhoria remuneratória para os profissionais da educação precisa se transformar em uma realidade, e que se consiga fixar na profissão bons quadros, algo, atualmente ainda um tanto distante, pois o aumento do piso na base de 33,24%  não pode se transformar em uma luta política da União contra os Estados e Municípios. O Piso é lei. É constitucional e consiste nos vencimentos básicos. Quem paga a conta? É o ente federativo mais exaurido de autonomia tributária e financeira? Ao Município sozinho nesta empreitada não é justo e nem correto.

De certa forma, os Municípios que praticaram uma política de economia e zelo máximo no trato das finanças, alguns anunciaram rateio e pagamento do piso, embora sejam criticados alguns que se eximem de colocar em andamento o Plano de Carreira, Cargos e Remuneração. A questão salarial dos profissionais de educação é mesmo relevante, como também, a ausência de avaliação dos profissionais, doenças que afetam os profissionais e retiram os mais experientes da sala de aula, quando estão chegando na ponta da carreira enseja discussão que vem sendo realizadas. É de fato complexo e são essenciais o comprometimento para melhorar a educação nas modalidades: fundamental e básica.

A ausência de capacitação profissional permanente, também é uma realidade. As limitações aos profissionais impostas não é nada animadora. A falta da preparação para operar na atualidade com a informática, a gestão educacional participativa e a coordenação pedagógica que de fato contribua com os profissionais na preparação das aulas e das pesquisas são constatadas em toda a parte.

O desenvolvimento da educação não pode ser, apenas, ato isolado de gestores. Pode até servir de exemplo para a comunidade e avaliado os resultados no conjunto dos munícipes. O desenvolvimento da educação pública faz-se necessário que atinja todas as regiões do Estado. E não pode ser uma obra de um único governo, pois as ações públicas precisam de continuidade, renovando ou não os governos.

As condições físicas das escolas públicas, via de regra, mesmo reconhecendo exceções de municipalidades é de penúria. Algumas escolas parecem prisões, com salas diminutas, mal condicionadas, sem áreas para recreação ou prática de esportes, que em nada contribuem para o aprendizado, e com frequentes índices que demonstram toda esta complexidade de problemas, embora haja evoluções pontuais.

A educação precisa de muito profissionalismo. É uma exigência das transformações que já chegou e não há como fugir. O Estado e o país não pode ficar para traz na corrida do desenvolvimento. É preciso muitas mãos.  A dimensão da educação significa sustentabilidade para os novos condicionantes de empregabilidade, de postos de trabalho, de empreendedorismo, de compreensão das cadeias produtivas e para formação da cidadania e vinculação com as raízes e identidades dos Municípios e do Estado. 


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