Evandro Borges

Natal, momento de reflexão

No mundo cristão o Natal destinado ao nascimento de Jesus Cristo é considerado dia da família, em face da Santa Família retratada por Jesus, Maria e José. Existe em razão da data uma celebração, principalmente voltada para reflexão em torno da solidariedade humana, da ética, da amizade, da paz, do amor e da fraternidade, em volta do encontro entre os membros da família e dos amigos.

No mês de dezembro no mundo dos negócios é o momento de celebração entre os colaboradores e o patronado. As confraternizações com muitos presentes, ceias e bebidas. É o momento do pagamento do 13º salário e das caixinhas, do comércio em seus diversos segmentos fervilham em vendas, sendo o melhor mês considerado do ano para muitos segmentos comerciais e principalmente os especializados pela motivação do Natal. As mídias sociais informam nos noticiários as estimativas de vendas.

No país é um momento de desemprego estrutural, conjuntural e ainda dos acordes da crise sanitária que infelicitou tantas famílias e amigos com uma quantidade de mortes assombrosas. E de muita insegurança em decorrência de uma sociedade violenta  com muitos crimes e infrações que vitimam milhares de pessoas cotidianamente, colocando em risco a integridade física das pessoas humanas e patrimonial.

A violência da pobreza e da indulgência, com uma imensa população de moradores de ruas, sem teto e sem habitação, sem as mínimas condições de higiene e alimentação adequada, completamente na exclusão, enseja minimamente a solidariedade da cidadania e dos cristãos, pois as ações públicas são falhas e as vezes omissas, ficando dependentes das ações individuais ou de organizações da sociedade civil que arrecadam para distribuir. Os pedintes estão por toda parte.

A reflexão, também, se deve dar com o meio ambiente e com a poluição, colocando em risco a jornada humana na terra, no desmatamento das florestas, no garimpo desenfreado ou do agronegócio sem escrúpulos, que desertifica, polui os rios e as fontes d’água, na poluição do ar pelas indústrias que encurtam os espaços do ecossistema vital, alterando o clima e criando as condições mais exasperadas para o futuro próximo.

É o momento de reflexão pela ponderação, pelo diálogo que deve ser permanente, pela capacidade de ouvir todos os segmentos sociais, de aceitar a diversidade e pluralidade, de respeitar as diferenças de todas as matizes, de gênero, etnia, geração, de classe social de origem regional e nacionalidade. Refletir sobre a necessidade da convivência e defender uma sociedade democrática.

O Natal do nascimento do menino Jesus, momento de luzes e da cristandade deve ser celebrado, embora a reflexão nos tempos das mudanças tecnológicas, de novos saberes e conhecimentos, que já é considerado inexorável e que não há mais retorno, não deve ficar apenas na ceia, na troca de presentes para quem pode, e nas reuniões fechadas das famílias, pois, seja o momento de reflexões e das mudanças para uma sociedade solidária e melhor para a convivência humana.