Daniel Costa

10/12/2021 13h20

 

O INACREDITÁVEL ERRO DE DUAS GERAÇÕES

Ruy Castro, no seu livro “Morrer de Prazer”, escreveu uma crônica sobre o legado de sua geração; da geração Baby Boomers, que nasceu após a Segunda Guerra.  Segundo ele, passadas algumas décadas, já seria possível avaliar o que de bom e de ruim a turma dos setentões aprontou.

Entre as façanhas, estaria a implantação do sexo sem culpa, os direitos das mulheres, os avanços espetaculares da medicina, das comunicações e dos transportes. Em compensação, a sua geração tornou as cidades difíceis de se viver distribuindo poluição, pobreza, disseminando as drogas e infantilizando a música e o cinema.

A minha geração, que nasceu nos anos oitenta e ficou conhecida como a Geração Saúde ou a geração Caras Pintadas, também já tem um legado a ser avaliado, ainda que estejamos em plena atividade - para o bem ou para o mal.

É a geração da consciência ambiental, da prática de exercícios físicos, que sabe ligar um computador sem entrar em pânico e que fala “eu te amo” a plenos pulmões. Mas é também a geração do prazer a qualquer custo, do individualismo absoluto, do culto à violência, do axé music e da música sertaneja, que depende dos pais para muitas coisas, e que joga videogame aos 40 (o que não é de todo mal).

Mas, como não poderia deixar de ser, é claro que a minha geração tem muita coisa da geração de Ruy Castro. Afinal de contas, como regra, somos os seus filhos. E já dizia Belchior, “ainda somos e vivemos como os nossos pais”. Nesse ponto de contato entre gerações, iremos deixar o bom legado do rock and roll; dos Stones aos Beatles, passando por Erasmo Carlos e Os Mutantes, até chegar nos Titãs e no Barão Vermelho. Como também deixaremos o péssimo legado de uma hipocondria sem fim, do abuso do álcool, e do inacreditável erro de ter colocado Bolsonaro na presidência do país.


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