Liliana Borges

23/10/2021 00h36
 
UMA HISTÓRIA DE AMOR, Quinta das Lágrimas a Alcobaça…
 
 
Uma história de amor proibido ocorrido no século XIV com D. Pedro I e Inês de Castro, memórias que resistiram ao longo do tempo…
 
D. Pedro I foi um monarca português da primeira dinastia (1143-1383), o qual governou em 1357 a 1367 era filho do Rei D. Afonso IV e D. Beatriz de Castela, foi nominado como “O Justiceiro”, também, lembrado como “Pedro I um doido com intervalos lúcidos de justiça e economia”.
 
Entretanto, o povo o adorava e em noites de insônia o rei dançava pelas ruas com seus súditos, pois promovia festas, dava-lhes comida, controlava as pestes, geria paz, além de ser justiceiro. Na ocasião de sua morte era comumente a expressão popular: “10 anos como estes nunca houve em Portugal”. 
 
Os casamentos dos membros da monarquia eram na maioria acordos políticos e entre muitos os noivos nem se quer eram consultados ocasionando várias uniões desastrosas. Sua primeira noiva D. Branca foi tomada por enfermidade, o infante a rejeitou terminando o compromisso, logo seu pai tratou de escolher outra pretendente D. Constança Manoel, descendente dos reis de Castela, Leão e Aragão, este o matrimônio foi realizado.
 
O infante não teve conhecimento prévio, gerando insatisfação que provocou seu distanciamento da esposa, preferiu ocupações como caças nas terras de Touguia e vários outros excessos até chamar sua atenção a dama de companhia da esposa, D. Inês de Castro. Contam que era linda e “loura como o sol”, apelidada como “colo de garça”.
Daí iniciaram um grande romance. Na altura da morte de sua esposa em decorrência do parto do seu terceiro filho D. Pedro trouxe sua amada para Portugal, pois seu pai a forçou sair do país em decorrência dos sucessivos escândalos, embora que mantinham contato por intermédio de amigos.
 
Os amantes foram viver nas terras de Lourinhã que passaram bons tempos mesmo com desaprovações de muitos, inclusive Inês era sinônimo de maus presságios e com surgimento de pestes a atribuíam a culpa. Durante o romance residiram em várias localidades, porém continuavam a não ser bem vistos.
 
D. Afonso IV instigado pelos seus conselheiros que temiam os ambiciosos irmãos da bela Inês e além de que se preocupavam com a vida do filho legítimo com Constança, D. Fernando, tramam sua morte no início de janeiro de 1355 convencendo o rei. Este partiu para Coimbra com seus seguidores armados, executaram o plano e depois enterram seu corpo na Igreja de Santa Clara.
 
A tragédia ocorreu na Quinta das Lágrimas e dizem que aconteceu junto à “Fonte das Lágrimas”, a qual foi batizada por Camões por ter nascido das lágrimas de Inês no momento de sua morte e seu sangue teria ficado preso às rochas do leito e ainda vermelho depois de 650 anos. “As Lágrimas são a água e o nome amores”, como escreveu nos “Lusíadas”.
 
 A Quinta das Lágrimas está situada em Coimbra com seus belos jardins, lendas e histórias. Lugar que acreditam que seria local de encontros românticos de Pedro e Inês, uma das fontes é nominada como “Fonte dos Amores”, onde provavelmente namoravam e tentavam manter seu segredo.
 
D. Pedro indignado com a notícia do falecimento de seu amor levantou um exército contra seu pai e seus fiéis, porém sua mãe a Rainha D. Beatriz com apoio do Prior Crato interveio e conduziu a assinar a paz. O infante voltou a Touguia para viver de suas recordações até subir ao trono com a morte de D. Afonso IV.
 
Uma de suas primeiras providências foi vingar os responsáveis pela tragédia, o qual mandou tirar o coração pelo peito de Pero Coelho e pelo omoplata de Álvaro Gonçalves, contam que ainda não satisfeito pediu que trouxessem cebola e vinagre e em seguida temperou os corações e cortou com os dentes. Todavia Lopes Pacheco conseguiu fugir a tempo para Aragão e depois à França.
 
 Mais adiante D Pedro I determinou a construção de um belíssimo túmulo para sua adorada em Alcobaça e fez a trasladação de seu corpo e, ainda, segundo a tradição, colocou o cadáver de Inês em um trono, encaixou a coroa real no seu crânio e obrigou os nobres a beijar a mão da rainha morta. Ademais construiu seu túmulo na frente do dela acreditando que iriam permanecer juntos por toda eternidade.
 
Seu reinado foi marcado por momentos de loucura que inúmeras vezes com doses de crueldade, embora foi adorado pelo povo que os alimentava e costumeiramente se divertia entre eles. Desenvolveu a economia, era fiel a princípios de neutralidade, pois não apreciava a guerra celebrando tratados de paz e amizade.
Não existe força maior que o amor…

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