Cefas Carvalho
07/10/2021 12h06
O homem que odiava as mulheres
O título desta coluna remete a um filme estadunidense de 1968, dirigido por Richard Fleischer e estrelado por Tony Curtis, que vive um psicopata que por traumas interno odeia o sexo feminino e se torna um assassino.
Guardadas as proporções e meus arroubos de cinéfilo, lembrei deste nome de filme na manhã desta quinta-feira, ao ler a notícia que o despresidente Bolsonaro vetou a distribuição gratuita de absorventes em escolas, presídios e para pessoas em situação de rua.
Sabemos que a pobreza menstrual é uma dura realidade para milhares de mulheres e meninas no país. Em um país de desigualdades sociais históricas e onde atualmente se entra em filas para conseguir osso de boi, por vezes um simples absorvente íntimo pode ser uma dificildade para meninas e mulheres em situação de pobreza.
Daí a crueldade do veto: Negar absorventes íntimos gratuítos para mulheres e meninas que deles precisam. Na verdade uma crueldade até simbólica. Que guarda o desprezo que Bolsonaro tem pelas mulheres. Já explicitada em dezenas de episódios como no conflito com a deputada Maria do Rosário ("não te estupro porque você não merece") como na piada imbecil e tosco da "fraquejada" que gerou a sua única filha.
A crueldade é dupla: Odeia mulheres e também pobres, posto que a falta de absorventes íntimos é um problema que jamais afetará qualquer mulher do clã Bolsonaro, sempre ás voltas com a compra de imóveis e mansões em dinheiro vivo.
"Daremos toda a batalha para que esse veto seja barrado na Câmara Federal", escreveu a deputada Jandira Feghali, sendo seguida por muitas outras mulheres e também homens. Certamente a monstruosidade do veto será derrubado. Mas, fica o simbolismo. De um desgoverno que em essência é misógino e despreza o feminino e as mulheres.
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