Cláudia Fragoso

26/09/2021 09h24
 
O que eu vou ser “quando crescer”?
 
 
Estava hoje olhando o Linkedin e me deparei com uma enquete realizada por Max Gehringer, escritor e palestrante muito conhecido por reportagens concedidas em canais abertos de comunicação. Na enquete sobre carreira, ele perguntava “quando você descobriu que carreira gostaria de seguir?”. Quase dezenove mil pessoas responderam à essa enquete. Veja que dados interessantes: 9% falaram que “já sabia desde criança”; 22% “quando era adolescente”, enquanto que 42% falaram “depois de adulto” e 28% “ainda não descobri. Só vou”. 
 
Quando li isso, vieram muitas reflexões à minha cabeça, justamente por trabalhar com Orientação Profissional. O primeiro pensamento foi “Putz, quanta gente AINDA não descobriu” e logo depois pensei que se juntar as pessoas que descobriram na fase adulta com as que ainda não descobriram, soma um total de 70% do público votante!
Como é difícil escolher uma profissão na adolescência/juventude, não é mesmo? 
 
São inúmeras transformações que os adolescentes passam e “ter que” escolher uma profissão ou um curso de graduação acaba sendo, muitas vezes, um fardo a mais na vida desses jovens. Uma das coisas que tenho ouvido quando converso com eles é uma visão muito limitada e por vezes distorcida da realidade.
 
Frases do tipo “vou fazer curso x porque oferece um bom salário”; “na minha família tem y médicos, vou fazer medicina”; “vou fazer esse curso porque é mais fácil entrar na faculdade” são bem comuns. 
 
E aí eu fico pensando nas mudanças do mundo contemporâneo. Sou formada há 17 anos e naquela época ter uma graduação era obrigatório para quem queria ter o mínimo de conforto e que tinha recursos para isso. Hoje o cenário é muito distinto. Antes que você me diga “hoje é necessário um mestrado, PHD, etc”, venho trazer uma outra reflexão...Ter um diploma é essencial nos dias de hoje?
 
Há aproximadamente 4 anos eu tenho me inserido no mundo do empreendedorismo. Já participei de 3 Startups Weekend (competição a fim de validar uma ideia e colocá-la no mercado), fiz vários cursos de empreendedorismo, Empretec, participei de eventos, palestras e faço parte da comunidade Jerimum Valley e o que mais tenho visto lá é uma cena um pouco distinta. Imagine um adolescente que no ensino médio já mostra seu interesse pelo empreendedorismo, estuda, se dedica, participa desses eventos, abre uma Startup e tem a oportunidade de morar fora (isso assim que conclui o último ano do ensino médio). Lá ele aprimora o inglês e/ou outras línguas, faz dinheiro, investe em inúmeros cursos na área e depois volta para a sua cidade natal. A empresa começa a crescer, faturar muito! Isso não é algo mais tão distante! Pode não ser exatamente assim, mas muitos jovens estão priorizando outras atividades a entrar na faculdade logo depois do ensino médio.
 
Não estou aqui dizendo que é a melhor coisa a ser feita, nem a pior. O que eu digo é: depende da pessoa, do cenário, das circunstâncias, da família, dos valores de cada um... Para alguns, é válido viver outras experiências e só depois descobrir qual a carreira. Talvez para a maioria ainda faça sentido iniciar uma graduação logo cedo. 
 
Para esses que desejam e/ou precisam começar uma faculdade, fazer uma das escolhas mais importantes da vida pode ser um processo extremamente difícil, devido aos diversos aspectos que permeiam essa decisão. Saber que atividades o fazem feliz, descobrir como é o mercado nessa área, lidar com a influência da família, da sociedade, a pressão por entrar numa faculdade logo (ainda que não seja no curso que gostaria) pode ser muito desgastante.
 
Existem alguns caminhos que podem facilitar essa escolha. Um deles é passar por um processo de Desenvolvimento pessoal com foco na escolha do curso de graduação. Esse processo costuma incluir 3 fases:
 
1. Autoconhecimento – aqui o adolescente vai aprender mais sobre si: aspectos de sua personalidade, interesses, habilidades, etc
2. Informações sobre o mundo do trabalho – é muito importante que o jovem compreenda sobre o universo da profissão, inclusive conversando com profissionais
3. A escolha – nessa fase o adolescente vai cruzar os dados das etapas anteriores e visualizar quais profissões mais se relacionam com quem ele é
 
Se você é pai, mãe ou responsável de algum adolescente em fase de escolha profissional, contribua oferecendo apoio, seja um canal sempre aberto de comunicação e, principalmente, não queira colocar os seus desejos e sonhos no seu filho. Ele é um ser único e suas experiências também são! Aceite o fato de que você definitivamente NÃO sabe o que é melhor para ele! 
 
Quando perceber que ele está precisando de uma ajuda profissional nesse momento, não hesite em buscar o necessário para a felicidade e saúde mental dele, afinal de contas, lidar bem com as escolhas que fazemos é um excelente sinal de uma boa saúde emocional.
 

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