Fábio de Oliveira

26/07/2021 00h09
 
A praticidade que nos mata
 
 
“Já são 5h da manhã e já estou atrasado para o trabalho que começa às 8h. Não dá tempo de fazer meu café. Vou passar no mercado perto do trabalho e comprar um achocolatado em caixa ou um refrigerante e, pra mastigar, um biscoito recheado. Cheguei tão exausto que não consegui fazer meu almoço. Vou comprar uma lasanha em caixa que em apenas dez minutos estará pronta no micro-ondas e à noite, se sobrar algum trocado das apostilas que preciso imprimir, eu compro uma coxinha com mais um refrigerante no intervalo das aulas”. Muitos de vocês se encaixaram ou se encaixam nessa rotina, não é mesmo? E as consequências devastadoras para nossa saúde não tardam nessa tentativa de ganhar tempo.
 
A correria que o trabalho e os estudos nos inserem, nos levam a uma alimentação cheia de praticidades e muitos de nós acabam em comidas rápidas (fast foods). Em paralelo a isso, nossa saúde vem sendo prejudicada através de alimentos com altas taxas de sódio e açúcar, sem praticamente nenhum nutriente. Sem contar os agrotóxicos e outras substâncias químicas contidas nesses alimentos processados e/ ou de manipulação incorreta, que afetam gradualmente nossa saúde, ocasionando doenças como diabetes, hipertensão e, na pior das hipóteses, a nossa morte.
 
Nos alimentamos mal e isso é uma realidade de longa data. É válido buscar e acompanhar mais de perto diversos estudos que apresentam alarmantes estatísticas e causas. Esses estudos globais apontam que a desigualdade econômica influencia negativamente nas escolhas alimentares, e esse fator é facilmente perceptível ao nosso redor. Também há as grandes empresas por trás desse mercado consumista e suas publicidades apelativas. Afinal, o lucro dessas corporações se faz a partir dessa alimentação fácil e de baixo custo.
 
Precisamos, desde já, pensar coletivamente em alternativas solucionadoras para uma vida saudável e sustentável de todes e, principalmente, dos nossos. Precisamos cobrar planejamento e a efetivação de políticas públicas voltadas ao acesso fácil de alimentos saudáveis como frutas, hortaliças, raízes e grãos, e o estímulo do fluxo de produtos oriundos da agricultura familiar e das comunidades indígenas.
 
Sair dessa rotina hostil de praticidades foi difícil para mim, pois exigiu um esforço sútil nessas transições de hábitos para um autocuidado. Me compreender identitariamente ajudou nesses processos. Seria leviano da minha parte tecer críticas e reflexões à sociedade sem pensar em alternativas sustentáveis que não partissem de mim para mim mesmo.
Mesmo diante de um cotidiano agitado, pensar e traçar mudança de determinados hábitos alimentares em nosso favor, se faz necessário para sobrevivermos. É uma forma de otimizar o seu tempo de vida, não o tempo do seu dia.
 
 
 

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