Fábio de Oliveira

21/06/2021 00h02
 
 
 A esperança mágica brasileira: dá-se um jeito
 
 
As movimentações políticas e sociais da sociedade em que vivemos, me fazem questionar sobre a falta de noção da nossa própria realidade, que deixa facilmente a ficção para trás. Na televisão, na rádio e nas redes sociais, acompanhamos notícias sobre ataques aos nossos povos e territórios. O genocídio transmitido nas mais variadas convergências midiáticas do país. Sabemos que esses ataques já vêm ocorrendo de uma longa data. Então, qual é o papel do Estado, da Constituição, da Funai e tantos outros órgãos diante dessas constantes investidas?
 
Questionarmos sobre o funcionamento do Estado, que está mais para um conglomerado de interesses privados, seja nas conjunturas políticas passadas, seja nas atuais, requer que nós transcendamos para além de uma postura apartidária. Requer que pensemos em uma sociedade em que ninguém precise passar por cima de ninguém para alcançar um estilo progressista de vida. Desconsideremos a direita, a esquerda, o centrão, os insentões e todos esses eixos políticos (des)estruturais que não representam nossos interesses.
 
Refletir nas consequências e soluções urgentes de uma democracia que vem perdendo cada vez mais o sentido, é uma obrigação nossa enquanto cidadãos. Por trás daquele ditado de “política, religião e futebol não se discute”, ou então, diante dos discursos conformistas de que “é desse jeito mesmo”, “deixa como está para ver como fica”, há uma contribuição para o extermínio dos nossos. Projetos de leis que em vez de nos fortalecer, estão nos matando, além de serem inconstitucionais. A alienação ganha um campo fértil com todos esses aparentes e inofensivos discursos, além das desinformações e desserviços que vêm sendo replicados por gerações.
 
A maioria de nós está tão no automático nesse perverso sistema, que somos os últimos a saber das políticas de morte, camuflados em projetos de leis. Enquanto dormimos depois de um dia de labuta exaustivo, nossos representantes, que não nos representam, decidem sobre quem vive e quem morre, em prol de um desenvolvimento que só beneficia as elites.
 
Compreender as relações sociais atuais requer a compreensão das relações sociais do passado. Se já não bastasse o “normal antigo”, que já vinha fazendo vítimas, tememos o agora e o “novo normal”, personificando estatísticas através de nossos amigues e parentes mortos. No (des)governo as coisas saem do papel rapidamente quando é para nos exterminar. Reflitamos sobre qual é o papel do Estado.
 

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