Liliana Borges

08/05/2021 00h04
 
CONVENTO DA ARRÁBIDA, Serra e Mar…
 
 
O Parque Natural da Arrábida foi um dos lugares mais belos que tive oportunidade de conhecer em Portugal com suas paisagens encantadoras, situado no Distrito de Setúbal e, como não poderia ser diferente neste país, há vários patrimônios históricos entre eles o Convento da Nossa Senhora da Arrábida que nos proporciona uma viagem ao século XVI.
 
O Convento da Arrábida como é mais conhecido apenas por esta denominação e por muitos considerados como a “porta do céu” está localizado a cerca de 47 Km de Lisboa, aberto ao público para visitas nas quartas, sábados e domingos com marcação prévia. Além da riqueza de sua história desfrutamos de um panorama deslumbrante da serra e o mar.
 
Sua construção é datada nos fins de 1538 a 1539, na época Dom João de Lencastre o primeiro Duque de Aveiro era proprietário destas terras, prometeu ao Frei Martinho que era Frade Descalço da Ordem de São Francisco construir um convento na região para lhe possibilitar uma vida solitária, contemplativa e dedicada a Nossa Senhora.
O culto religioso na área provavelmente originou por volta de 1410, mas as romarias ao Cabo Espichel em Setúbal estão documentadas desde 1357, pois em outrora já havia tradição da presença de peregrinos que cultuavam a religiosidade junto as grutas existentes na serra, locais que proporcionavam tranquilidade e paz.
 
A Ermida da Memória já existia anterior a construção do convento que lá veneravam a imagem da Senhora da Arrábida favorecendo a permanência de alguns religiosos na localidade como o Frei Martinho de Santa Maria, Frei Martinho Navarro, Frei Diogo dos Anjos, Frei Francisco Pedraita e São Pedro de Alcântara, os quais viveram em celas escavadas na rocha que atribuem ao “Convento Velho”.
 
O Convento Novo é composto por pequenas celas, igreja, capelas, pátios, refeitório e cozinha tudo em harmonia com a serra que se beneficia das sombras de seus arvoredos e clima agradável devido a proximidade do oceano. Ao longo dos anos aconteceram várias modificações e melhorias na edificação, porém em 1834 ocorreu a extinção das ordens religiosas em Portugal e os frades deixaram a localidade, posteriormente, teve um período de abandono por volta de 30 anos, como também, a aquisição pela Casa Ducal de Palmela.
 
Em 1977 foi classificado de interesse público e em 1990 o Convento Novo e Velho foi adquirido pela Fundação Oriente e então titular, Conde da Póvoa, Manuel de Souza Holstein Beck. A fundação além da conservar, manter o patrimônio e divulgar sua história criou um polo cultural disponibilizando salas de reuniões, auditório, alojamento e refeições para realização de seminários, conferências e atividades empresarias.
 
Cabe destacar três personalidades que fizeram acontecer o convento, considerados seus protagonistas: Frei Martinho de Santa Maria que foi o verdadeiro inspirador; Dom João de Lancastre, proprietário das terras à época e; São Pedro de Alcântara que ali se consagrou como homem santo e foi canonizado.
 
Frei Martinho, era filho da alta nobreza espanhola, ingressando ainda jovem como noviço no Convento Franciscano de Vila de Veas Segura, em Múrcia na Espanha. Na fachada da igreja há um belo monumento, uma estátua em mármore de sua imagem de braços abertos. 
 
Na sua cabeça possui um capuz características dos arrábidos, barba farta, olhos vendados, na boca um cadeado relacionado ao voto de silencio, na mão esquerda uma vela e na direita os “castigos”, o codão franciscano amarrado na túnica, no peito outro cadeado com fechadura e coração abaixo, pés descalços e a seus pés uma serpente que pousa num grande globo e, assim, representado seu voto de pobreza, renúncia e despojamento.
 
Há belos espaços no convento que merecem ser apreciados como seus azulejos, fontes, capelas, celas, corredores, pátios, entre outros. Cantos e recantos que nos permitem viajar na imaginação e que nos transmitem paz e tranquilidade em tempos tão difíceis.
 
Vale muito conhecer…
 

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