Renisse Ordine

04/03/2021 00h10
 
A Literatura Regionalista 
 
 
A literatura regionalista foi um marco importante em nossa literatura por resgatar e registrar as nossas histórias, culturas, falares; caracterizando-nos como um povo capaz de produzir nossas próprias histórias, ressaltando assim, os  símbolos nacionais presentes no território brasileiro. Principalmente, transformando a linguagem erudita, exclusivamente, na literatura brasileira.
 
A corrente regionalista está entrelaçada com o movimento literário, denominado Romantismo, que se iniciou no Brasil com a publicação do livro “Suspiros Poéticos e Saudades” (1836) de Gonçalves de Magalhães.
 
O inicio do regionalismo brasileiro se deu após a Independência do Brasil ser proclamada, por D. Pedro II, em 1822. Anteriormente a esse importante episódio de nossa história, o país seguia os moldes europeus, no que se diz respeito à cultura e a sociedade. Segundo Bosi (2015), mesmo com as diferenças econômicas e sociais existentes nos dois continentes, foi moldado no homem letrado brasileiro uma consciência paralela a dos europeus. 
 
Porém as mudanças no cenário literário brasileiro ocorreram, paulatinamente, passando por três fases, até a literatura brasileira agregar de fato, a literatura regionalista, com a sua linguagem informal e seus diferentes modos de comunicação, para se referir a coisas e objetos, nas produções literárias. Indo do oral para a escrita literária. 
 
As três fases do Romantismo apresentam diferentes características, a saber: 1ª geração (1836-1852) O indianismo, a fase nacionalista, que tinha a figura do índio como representante de nosso país. Entretanto, a literatura brasileira, ainda seguia uma linguagem formal, e apresentava o indígena como um cavalheiro medieval e herói, ou seja, os mesmos moldes europeus; a 2ª geração: ultrarromântica (1853- 1869). Nesse período a poesia toma novos rumos, e passa a adotar o subjetivismo, ou seja, o olhar para si mesmo, para o eu interior, marcado por um extremo sentimento negativo, pessimista e melancólico. Segundo Duarte, a figura da mulher era a maior representação dessa geração, mas, como ser inatingível, um ser divino que jamais será alcançado; e, por fim, a 3ª geração (1870-1880) a condoreira foi o momento em que os escritores se voltaram para a realidade e aos problemas sociais, e começam a defender o fim da Escravidão. 
 
Com o Romantismo, o Brasil passa a se modernizar e encontrar os seus valores como nação independente e a conhecer o seu povo, tendo com o Regionalismo, o olhar dos brasileiros voltados para o que realmente é nosso. 
 
A afirmação do Brasil enquanto país independente e a consequente necessidade de formar sua cultura própria fizeram com que os autores românticos buscassem as particularidades da pátria, valorizadas, sobretudo, na natureza e no exotismo nativista. “Ambas [natureza e pátria] conduziam a uma literatura que compensava o atraso material e a debilidade das instruções por meio da supervalorização dos aspectos regionais, fazendo do exotismo razão de otimismo social”. (Ceccarello, Vera Helena. 2010.p.2).
 
A literatura regionalista surge para romper com o uso exclusivo da linguagem formal das gramáticas normativas, onde a literatura era uma atividade artística escrita somente direcionada aos intelectuais, ou seja, a uma minoria. Araújo afirma que essa corrente literária tinha também como objetivo demonstrar que havia uma separação entre o urbano e rural, região e nação, o idílio e a realidade. Procurando desta forma, apresentando assim, os erros do passado para apontar as falhas do presente. 
 
Os intelectuais do romantismo pensavam na construção de um país com uma nação moderna, e nesse período ocorreram inovações nas indústrias e nos portos, com destaque à abertura da Biblioteca Real, que possuía mais de 60 mil livros em seu acervo, e a criação de faculdades, sendo este dois últimos de grande relevância para a compreensão de nosso projeto. Pois, como consequência, a cultura começa a ficar um pouco mais acessível ao público. 
 

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