Cefas Carvalho

13/01/2021 12h44
 
Vacinação no dia D e na hora H uma porra, Pazuello!
 
 
Pensei em começar este texto pedindo desculpas aos leitores pelo palavreado de baixo calão no título e pela grosseria. Depois, pensando bem, decidi, como cantariam Caetano e Mautner, não pedir desculpa nenhuma. Afinal, quem é progressista e abomina este desgoverno e o demente que ocupa (sic) a presidência compreende perfeitamente o desabafo e indignação. E os devotos do Jair são mais que acostumados com palavreado chulo que ele solta quase diariamente em alto e bom som para deleite de sua claque e devotos.
 
Dito isso, vamos ao mérito da questão, ou da indignação: A frase. esdrúxula, ridícula, do desministro da Saúde, que em entrevista em Manaus (cidade que sofre com números altos de casos e óbitos de Covid-19 e lotação de leitos) de que "Todos os estados receberão simultaneamente as vacinas, no mesmo dia. A vacina vai começar no dia D, na hora H, no Brasil".
 
A frase gerou risos, memes, piadas, enfim, despertou aquele humor peculiar e algo masoquista do brasileiro. Em mim gerou apenas indignação, raiva e certo nojo. A declaração é de um cinismo e uma canalhice impressionantes. Queremos datas, Pazuello. Temos pressa, apesar do senhor e do despresidente seu chefe não entenderem porque essa pressa toda. Talvez pelos 200 mil mortos pela Covid e por estarmos em segundo lugar em óbitos no mundo, não?
 
Em declarações anteriores, Macron (França), Johnson (Reuno Unido), Netanahayu (Isreal), Trudeau (Canadá) e todos os outros chefes de estado e seus ministros da Saúde registraram uma data e um calendário de vacinação, que inclusive já está em andamento. Nós aqui na terra de Macunaíma, não gozamos desse privilégio, Teremos de contar com o tal Dia D e Hora H vagos do ministro especialista em logística.
 
Mas a julgar pelo que vi nas redes e pela própria reação calma da mídia, perdemos mesmo a capacidade de indignação. Em outros países, um ministro que dissesse uma frase dessas em meio a uma pandemia em uma cidade que enterra diariamente novos mortos em fossas coletivas, não apenas seria execrado pela imprensa e opinião pública como não teria condições de continuar no cargo.
 
Em nosso entorpecimento coletivo e negacionismo, um ministro da Saúde que quase um ano após a pandemia começar não tem um calendário nem sequer uma data-base para iniciar a vacinação não causa espanto. Nem indignação. Como as barbaridades que Bolsonaro fala também não causam, muito menos as palavras chulas que ela vocifera nas lives e declarações desastradas. mas, na minha indignação, me permito à guisa de desabafo repetir - com  o uso do termo tão amado pelo despresidente - a frase: Vacinação no dia D e na hora H uma porra, Pazuello! Queremos datas. Na verdade, queremos um ministro da Saúde e um presidente. Mas, aí também já é pedir demais.
 
 

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