Evandro Borges

27/11/2020 00h13
 
O preço do combustível ao consumidor
 
O modal do transporte urbano adotado historicamente para favorecer o desenvolvimento da indústria automobilística foi pela via dos veículos automotores, contribuindo para alavancar este segmento industrial e a geração de empregos formais, favorecendo os grandes centros urbanos, principalmente São Paulo, em que pese o marco da indústria pesada está situada em Volta Redonda.
 
Os transportes ferroviários que uniam centros urbanos e produção foram completamente desmontados, arrancados até os trilhos e dormentes, estando em toda parte os seus rastros históricos, alguns transformados em centros culturais e restaurantes, que um dia contribuíram para desenvolver algumas localidades, até o metrô das metrópoles em relação comparativa aos países desenvolvidos, há poucas linhas, não tem a devida capilaridade urbana.
 
Para a maioria da população não há transporte público de massas, ficando obrigada a utilização do transporte de ônibus, com tarifas exorbitantes para os minguados salários para os trabalhadores formais, em que pese algumas compensações de programas públicos, pois o subemprego e a imensa maioria da vulnerabilidade começam a não ter, sequer os meios de prover os custos das tarifas, para um serviço de baixa qualidade que leva a cidadania a exaustão.
 
Para os setores médios ficaram os automóveis como meio de mobilidade, com construção de vias rodoviárias favorecendo o transito, bonitas, caras para o investimento, maior para a sua manutenção, enriquecendo as grandes empreiteiras de norte a sul do país, mesmo baixando a qualidade de vida nos grandes centros, atualmente, com movimentos em contrário mais presente, uma briga por ciclovias e caminhadas.
 
A aquisição dos veículos, mesmo com algumas facilidades, envolvendo a indústria e o capital financeiro em razão dos financiamentos, que comprometem a renda familiar dos setores médios, agora o preço do combustível ao consumidor, beirando o litro a cinco reais, está tornando proibitiva a utilização do automóvel para os setores médios, comprimidos na política neoliberal exacerbada que adota baixos salários e diminuição de direitos trabalhistas e sociais.  
 
A política para os preços de combustíveis que veio com o desmonte da PETROBRAS, de suas refinarias, a saída de centros regionais, a compra até de combustível já refinado, a manutenção de preços de mercados internacionais, com base na especulação e na dolarização, sem o devido equilíbrio com a realidade nacional, favorecendo os investidores das bolsas, em detrimento das questões nacionais, está gerando um corolário que poderá levar ao empobrecimento de segmentos importantes do tecido social.
 
A especulação dos preços, sempre em alta, mesmo com algumas pequenas baixas, mas compensadas com as altas, sempre presentes dirigidas ao consumidor, tanto para o transporte de passageiros, como também, para o de cargas, vai chegar um momento que vai prejudicar toda a economia, que poderá redundar em grandes mobilizações como no passado recente, com mais força ainda.
 

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